Nesta sexta-feira (06), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, declarou, durante sua participação em um evento promovido pelo Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP), que foi transformado em "vilão" por forças políticas brasileiras. Em um discurso no qual abordou a atuação da extrema direita no Brasil e no mundo, o magistrado enfatizou a necessidade de "personificar o inimigo" para atacar as instituições.
"Você falar de uma instituição fica um pouco etéreo. Você tem que personificar. Você tem que achar dentro da instituição um inimigo de carne e osso, porque aí você personifica. No caso do Brasil, foi carne, osso e sem cabelo. Um preconceito. E aí você vai batendo, vai batendo. Porque dá Ibope. Vira uma novela", explicou Moraes.
Atualmente presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responsável pela relatoria de diversas ações relacionadas a Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados no STF, Moraes tornou-se um dos principais alvos do ex-presidente e seu círculo político. Durante as celebrações do Sete de Setembro em 2021, o então chefe do Executivo chegou a chamar o magistrado de "canalha" e afirmou que não mais cumpriria decisões judiciais dele.
Durante sua intervenção no evento, Moraes também abordou o poder das redes sociais e sua capacidade de disseminar desinformação em larga escala. O ministro destacou a radicalização do discurso político e comparou o funcionamento dos algoritmos dessas plataformas a uma "lavagem cerebral"
"[O objetivo é] transformar o eleitor em massa de manobra. Transformar o eleitor, lamentavelmente, em um fanático político. Foi assim que começou o algoritmo", resumiu Moraes.
Ataque à democracia
O magistrado também tratou do que chamou de "ataque à democracia" por parte de representantes da extrema direita em todo o mundo, citando a narrativa da "ameaça comunista" frequentemente utilizada pelo bolsonarismo e seu impacto no eleitorado brasileiro.
"Impressionante como o comunismo dá Ibope, né? 99% das pessoas que falam nem sabem o que é comunismo. O 1% que sabe, sabe que não existe mais comunismo. A China é comunista, mas é mais capitalista do que nós. O Putin é o rei do comunismo? (Quando) você fala em comunismo, principalmente pessoas mais velhas, é um negócio... (Quando perguntadas) por que são contra tal coisa, (respondem): 'Porque vão instalar o comunismo no Brasil'", disse Moraes.
No decorrer de seu discurso, Moraes fez referência aos ataques golpistas de 8 de janeiro, tratando-os como mais um capítulo da "ameaça à democracia". O magistrado enfatizou a resistência das instituições brasileiras e celebrou o dia 5 de outubro, data da promulgação da Constituição Federal, que completou 35 anos nesta quinta-feira (05).
"Recentemente, o Brasil sofreu ataques à democracia. Não só o Brasil. A fórmula de ataque à democracia, que surgiu na extrema direita norte-americana, foi aplicada primeiro na Hungria, Polônia, Turquia... Uma tentativa na Itália, na Espanha, em outros países na América Latina e no Brasil", enumerou Moraes, antes de concluir:
"E as instituições brasileiras souberam responder. Tivemos eleições, tivemos posse, tivemos o dia 8 [de janeiro] e estamos aqui no dia 6 de outubro na democracia e no Estado de Direito graças ao fortalecimento institucional que foi realizado em 5 de outubro e esse crescimento institucional de órgãos de Estado, órgãos de governo".
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