O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda (21) a abertura de investigação sobre possível uso de informações privilegiadas sobre o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump contra o Brasil para fazer transações financeiras. O mecanismo é conhecido como insider trading.
Autor do pedido
O pedido de investigação foi feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, ainda na semana passada, no âmbito do inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é investigado pela atuação junto ao governo norte-americano para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo.
Informações
Segundo a AGU, as operações indicam movimentações atípicas e em volume significativo, o que pode levantar suspeitas de que investidores tiveram acesso prévio e indevido a informações sensíveis sobre o tarifaço do governo norte-americano. A AGU explica que o objetivo é investigar movimentações atípicas no mercado cambial brasileiro antes e depois de Trump anunciar a taxação de 50 % das exportações brasileiras para os Estados Unidos a partir de 1° de agosto.
Despacho
Moraes determinou que o pedido da AGU seja transformado em uma petição apartada do inquérito de Eduardo Bolsonaro e tramite em sigilo.
Compra e venda de dólar
No dia 9 de julho, às 13h30, alguém compra entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões a R$ 5,46. Às 16h17, Trump publica carta anunciando tarifaço de 50% contra o Brasil e às 16h20, os mesmos dólares são vendidos a R$ 5,60. O fato que chamou a atenção foi a aposta bilionária feita horas antes, em valores muito acima da média e de forma concentrada.
Fora do padrão
“Não é o padrão normal das transações com o real naquele dia. Pode ter sido qualquer um que sabia desde o começo. E vamos ter que esperar para ver quem realmente foi”, declarou o gestor Spencer Hakimian, da Tolou Capital Management, em Nova York, ao Jornal Nacional.
Lucro de até 50% em 3 horas
Hakimian afirma que, com a compra por R$ 5,46 e a venda por R$ 5,60, resultou num lucro que pode ter chegado a 50% do valor investido em menos de três horas. Para o gestor, o movimento indica que o operador tinah ciência da informação antes do anúncio, sabia o impacto que ela causaria no mercado e também sabia quando e como operar. “Alguém disse: ‘quero fazer a transação rápido e não quero que ninguém veja’”, contou. (Com informações do G1 e Agência Brasil)