Durante uma reunião de governo ocorrida em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, o então Ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, foi gravado fazendo comentários controversos sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a atuação das Forças Armadas no processo eleitoral. Na gravação, Nogueira se referiu ao TSE como um "inimigo" militar da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, e mencionou discutir estratégias com comandantes militares para manter Bolsonaro no poder, faltando menos de 100 dias para o primeiro turno das eleições.
“Estou realizando, semanalmente, reuniões com os comandantes de Força. Este cenário nós estudamos, trabalhamos, e temos reuniões decisivas pela frente para vermos o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas para que possamos ter transparência, segurança, condições de auditoria e para que as eleições transcorram da forma como a gente sonha. E que o senhor, com o que a gente vê no dia a dia, tenhamos o êxito de o reeleger. Este é o desejo de todos nós”, disse Nogueira.
Além disso, outros ministros presentes na reunião, como os ex-titulares da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, levantaram críticas à transparência do processo eleitoral, sugerindo que as urnas eletrônicas não poderiam ser auditadas e insinuando a falta de credibilidade do Poder Judiciário. Bolsonaro, então candidato à reeleição, chegou a afirmar que havia um suposto complô para garantir a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições.
Um ponto de destaque na reunião foi a participação das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral do TSE. Nogueira expressou insatisfação com o tratamento dado às propostas militares, afirmando que apenas três das 15 sugestões foram aceitas e sugerindo que a comissão era apenas uma formalidade. O TSE respondeu às críticas, defendendo sua atuação e destacando que acolheu parte das sugestões militares para aprimoramento das eleições, enquanto alguns pedidos de informações foram indeferidos devido à falta de tempo hábil para análise.
A revelação do vídeo da reunião ocorreu nesta sexta-feira (9), por meio do Supremo Tribunal Federal (STF), no contexto da Operação Tempus Veritatis. A operação, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira (8), investiga uma suposta organização criminosa que teria tentado um golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Esses acontecimentos evidenciam as tensões políticas e institucionais vividas pelo Brasil durante o período mencionado, com sérias acusações sendo feitas contra órgãos governamentais e do sistema eleitoral. (Com informações da Agência Brasil)