O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lamentou em nota o falecimento da pesquisadora Niède Guidon, ocorrido na madrugada desta quarta-feira (04), aos 92 anos. A UNESCO também prestou solidariedade e homenagem a Niéde.
Reconhecida internacionalmente, Niède foi uma das maiores cientistas brasileiras e referência na arqueologia mundial. Dedicou sua vida à pesquisa e à preservação do patrimônio pré-histórico nacional, especialmente na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí — onde revelou ao mundo vestígios que transformaram o entendimento sobre o povoamento das Américas.
LEGADO NA CIÊNCIA
Com coragem, rigor científico e compromisso com a educação, Niède construiu um legado que transcende a ciência. Fundadora da Fundação Museu do Homem Americano, membro da Academia Brasileira de Ciências e Grande Oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico, foi também uma das vozes mais firmes na defesa da valorização do conhecimento e da presença feminina na ciência.
Niède Guidon deixa uma marca indelével na história do Brasil. O MCTI presta solidariedade aos familiares, amigos, colegas e a todos que, direta ou indiretamente, foram inspirados por sua trajetória.
NOTA DA UNESCO
"A UNESCO lamenta profundamente o falecimento da arqueóloga Niède Guidon, aos 92 anos, ocorrido nesta quarta-feira (04/06). Nascida em Jaú (SP), ela dedicou mais de cinco décadas de sua vida à pesquisa arqueológica e à preservação do patrimônio cultural brasileiro.
A arqueóloga, conhecida por sua defesa incansável da Serra da Capivara, localizada no Piauí, deixa um legado inestimável para a ciência, a educação e a cultura do país. Foi lá que, na década de 1970, Niède descobriu pinturas rupestres dos primeiros seres humanos que habitaram o território brasileiro.
O trabalho de Niède Guidon contribuiu para a realização de descobertas que transformaram a compreensão sobre o povoamento das Américas, especialmente por meio de suas pesquisas no Parque Nacional da Serra da Capivara, que ela lutou para criar e foi reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1991.
Além de seu trabalho pioneiro no campo da arqueologia, Niède foi também uma defensora do desenvolvimento sustentável e da valorização das comunidades locais. Nesse sentido, ela contribuiu para a criação da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e para a implementação de políticas públicas de preservação e educação patrimonial.
A UNESCO expressa seu mais profundo reconhecimento à vida e à obra de Niède Guidon, e suas mais sinceras condolências à sua família, a seus amigos e às comunidades científica e cultural brasileira. O seu exemplo de defensora da ciência, da educação e da cultura permanecerá como um legado vivo na memória do Brasil, assim como na história e nas paisagens que ela ajudou a divulgar e proteger."