FÁBIO ZANINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-ministro Milton Ribeiro disse estar ferido e com o coração partido em razão do episódio. Ele fez a afirmação em suas primeiras declarações públicas desde que foi preso sob acusação de operar um balcão de negócios no Ministério da Educação,
Em pregação aos fiéis da igreja em Santos (SP) onde é pastor, Ribeiro também pediu a Deus que abençoe o presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Pedimos a tua bênção sobre o nosso país, sobre a vida do nosso presidente. Guarda, protege e dirige a vida dele, para que ele cumpra o teu propósito e faça aquilo que for bom para toda a sociedade brasileira", disse Ribeiro em culto da Igreja Jardim de Oração, na noite deste domingo (10).
Ribeiro participou dos dois cultos dominicais da igreja, um pela manhã e outro que começa no final da tarde. Foi a sua primeira fala ao rebanho desde a prisão pela Polícia Federal, ocorrida em 22 de junho. O ex-ministro foi solto no dia seguinte pela Justiça.
Em ambos os momentos, ele demonstrou visível emoção ao tratar do tema, ainda que de maneira genérica e sem entrar em detalhes.
"Eu gostaria de explicar para a igreja, mas não posso, e no momento oportuno isso vai ser feito", afirmou.
A acusação é de que pastores sem cargo formal na estrutura do ministério operavam um esquema de liberação de emendas. Ribeiro agradeceu pelas orações em prol dele e de sua família.
"O que tem mais me ferido nestes tempos é claro que é o meu nome, o nome da minha família, mas o nome de Deus. Isso tem me deixado o coração partido. Mas tudo a seu tempo. Eu aguardo, estou aprendendo", afirmou.
Nas duas pregações, ele usou passagens da Bíblia para ilustrar seu caso pessoal. Citou o salmo 23, um dos mais conhecidos do livro sagrado, que tem a famosa frase "O Senhor é o meu pastor, nada me faltará".
"Meus irmãos, uma das orações que eu tenho feito nesses tempos é sobre a profundidade das misericórdias de Deus", afirmou o ex-ministro.
Em outro momento, fez uma referência a pessoas com vida dupla, embora não tenha especificado a quem estava se referindo. "Tem muita gente que tem dois tipos de vida. Uma vida pública e uma vida secreta. Deus conhece a sua vida secreta, tudo que você faz e o que você deixa de fazer", pregou.
O ex-ministro disse que nunca se moveu pelo dinheiro, numa defesa da principal acusação que pesa sobre ele e os pastores abrigados no MEC. "Nossa igreja não tem, nunca teve, objetivo nenhum de mexer com o dinheiro de você, o seu dinheiro. Por isso, ao me ver envolvido em coisas dessa natureza, minha tristeza só se redobra", declarou.
Ribeiro pediu demissão a Bolsonaro em razão dos escândalos. O presidente chegou a dizer que colocava sua cara no fogo pelo então ministro, mas depois da prisão afirmou que havia exagerado na figura de linguagem.
O ex-ministro afirmou ainda que um dos propósitos que o levaram para o MEC era cuidar da juventude brasileira. Ilustrou essa missão com uma passagem pessoal.
"A região em que eu moro é muito movimentada. Teve uma briga ontem de madrugada e eu pude ouvir claramente a voz de adolescentes. Eu me perguntava, são 3h, 4h da manhã, onde estão os pais deste pessoal? É por isso que minha passagem na função que eu exerci tinha um objetivo claro", declarou.