Mensagens encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelam suas preocupações em relação à possibilidade de ser preso após deixar o governo. As informações fazem parte de um acordo de delação premiada, homologado em setembro do ano passado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme o relatório da investigação, datado de 2 de janeiro de 2023, Cid compartilhou com o general Estevam Theophilo, então comandante de Operações Terrestres (Coter) do Exército, o link de uma reportagem que abordava a possível prisão de Bolsonaro, indicando que ele próprio poderia ser preso nas primeiras semanas do novo governo.
Theophilo, que integrava o Alto Comando da Força na época, respondeu garantindo a Cid que "nada lhe acontecerá", evidenciando uma possível tentativa de interferência nas investigações em andamento durante o novo governo.
Outra mensagem obtida pela Polícia Federal (PF) revela Cid comentando as ordens de prisões emitidas por Moraes a integrantes do governo do Distrito Federal, relacionadas aos eventos de 8 de janeiro, demonstrando alívio ao dizer: "Nessa guerra toda pelo menos eles me esquecem... Eu acho".
Prisão de Mauro Cid
Cid acabou sendo preso quatro meses depois, em 3 de maio de 2023, juntamente com outros cinco suspeitos envolvidos em um esquema de falsificação de cartões de vacina. A exoneração de Júlio Cesar de Arruda, recém-empossado como comandante do Exército, ocorreu menos de um mês após assumir o cargo, em 21 de janeiro do mesmo ano, devido ao desgaste causado pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
A demissão de Arruda também foi motivada pela recusa em revogar a nomeação de Cid no 1º Batalhão de Ações de Comandos, unidade de Operações Especiais em Goiânia. A razão oficial alegada pelo ministro da Defesa foi "quebra de confiança". A nomeação de Cid foi posteriormente anulada pelo atual comandante da Força, general Tomás Paiva.
A reportagem tentou entrar em contato com Estevam Theophilo, mas não obteve resposta até o momento. A defesa de Mauro Cid afirmou que ainda não teve acesso aos autos da última operação e, portanto, não pode emitir conclusões devido ao sigilo que envolve a investigação.
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