O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), descreveu em sua colaboração premiada um suposto plano de golpe de Estado discutido pelo ex-presidente no final de 2022. O documento, segundo a Polícia Federal (PF), incluía ordens de prisão não apenas para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas também para uma extensa lista de autoridades. O motivo das prisões seria a falta de alinhamento ideológico com Bolsonaro.
Em reuniões de novembro e dezembro de 2022, personagens como o ex-assessor para Assuntos Internacionais Filipe Martins e o advogado Amauri Saad teriam elaborado uma série de “considerandos” para embasar juridicamente a anulação das eleições. Cid afirmou que a minuta final do documento ordenava prisões e anunciava novas eleições, sem detalhar quem seriam os responsáveis por realizá-las.
Braço-direito de Bolsonaro, o delator afirmou que, após tomar conhecimento do conteúdo, o ex-presidente pediu a edição da minuta para que apenas as prisões de Alexandre de Moraes e a realização de novas eleições fossem mencionadas, alegando "fraude no pleito". A PF investiga a evidência do golpe e, segundo Cid, o comandante da Marinha à época, Almir Garnier, teria colocado as tropas à disposição do golpe.
As informações fornecidas por Cid também indicam que, em dezembro de 2022, Bolsonaro chamou os três comandantes das Forças Armadas para apresentar os “considerandos” e pressioná-los sobre a conjuntura, sem informar que estavam nos planos as prisões e a convocação de novas eleições. A delação é considerada uma peça chave que pode levar Bolsonaro a julgamento por tentativa de golpe de Estado.
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