O relato do ex-ajudante de ordem da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid contraria a versão dada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que em maio, disse à Polícia Federal que não conhecia ter orientado fraudes em cartão de vacinação contra a Covid-19 para seu uso ou de familiares. Essa investigação a respeito dos certificados de vacina é uma das investigação das mais avançadas na Polícia Federal.
A apuração começou com a descoberta de conversas por meio de telefonemas de Mauro Cid que mostravam como o tenente-coronel fez contato com diversas pessoas para pedir a inclusão dos dados falsos de vacina. A finalidade tinha como finalidade burlar as exigências de comprovação da vacinação para entrada em países estrangeiros. De acordo com informações apresentadas por Mauro Cid em seu acordo de delação premiada, ele afirma que recebeu ordens diretas de Bolsonaro para produzir documentos falsos de comprovação de vacinação, em nome do então presidente e de sua filha menor, Laura.
Segundo o relato de Mauro Cid, ele teria coordenado a confecção desses documentos fraudulentos com a ajuda de terceiros e, posteriormente, imprimido os comprovantes falsos, entregando-os pessoalmente a Jair Bolsonaro. O ex-presidente teria ficado com esses documentos à sua disposição para uso posterior. Os registros falsos de vacinação em nome de Bolsonaro e Laura teriam sido inseridos no sistema do Ministério da Saúde por funcionários da Prefeitura de Duque de Caxias em dezembro.
A investigação em curso aborda uma série de possíveis delitos atribuídos a Mauro Cid e outros envolvidos no caso. Os crimes incluem descumprimento de medidas sanitárias preventivas, associação criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e corrupção de menores. Após o depoimento de Cid, a Polícia Federal continua realizando diligências para encerrar o caso.
É importante mencionar que, antes das informações de delação de Mauro Cid virem à tona, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, havia autorizado uma operação da Polícia Federal em maio para investigar o caso. Moraes mencionou suspeitas de envolvimento de Jair Bolsonaro no esquema, relacionando-o ao seu histórico público de posição contrária à vacinação, que estava sob escrutínio na CPI da Pandemia e nas investigações do Supremo Tribunal. Portanto, a delação de Mauro Cid amplia ainda mais a investigação sobre o ex-presidente da República em relação a este caso.