Integrantes do governo federal defendem cautela nas negociações para viabilizar um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A pauta central seria a sobretaxa de 50% aplicada pelos norte-americanos aos produtos brasileiros.
No Palácio do Planalto e no Ministério das Relações Exteriores (MRE), a avaliação é de que seria mais prudente iniciar o diálogo com um contato por telefone ou videoconferência, antes de avançar para uma reunião presencial.
Embora o encontro face a face não esteja descartado, há entraves nas agendas. Visitas presidenciais costumam demandar meses de preparação, e uma alternativa cogitada seria marcar a reunião em um terceiro país.
A possibilidade de diálogo entre os dois presidentes foi mencionada por Trump na terça-feira (23), durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O líder americano afirmou que a conversa poderia ocorrer já na próxima semana, mas a informação ainda não foi confirmada oficialmente por nenhum dos governos.
Na ocasião, Lula e Trump chegaram a se cumprimentar rapidamente após seus discursos e concordaram em abrir conversas. Trump disse ter sentido uma boa "química" com Lula, enquanto o brasileiro destacou: “Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu. Pintou uma química mesmo”.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também comentou o possível encontro em entrevista à RedeTV. Para ele, a reunião seria um “marco fundamental” nas relações bilaterais. “A mensagem de Trump foi importante e deve ter novos desdobramentos. Defendemos diálogo e negociação”, disse.
Até o momento, segundo fontes do governo, não há definição sobre data, formato ou local do encontro. A diplomacia brasileira considera que um telefonema ou videochamada seria a forma mais prática de iniciar as conversas, já que não exige deslocamentos e facilita conciliar as agendas.
Para auxiliares de Lula, essa estratégia permitiria aos presidentes identificar convergências e divergências no comércio bilateral e, gradualmente, criar um canal de confiança.
Lula tem compromissos no exterior em outubro, com viagens previstas para Itália, Indonésia e Malásia. No mesmo mês, há possibilidade de Trump também participar da cúpula da ASEAN, na Malásia, onde os dois poderiam se encontrar pessoalmente.