Durante discurso no G77, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não hesitou ao fazer críticas neste sábado (16) em relação ao embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba. Além disso, ele rejeitou a inclusão de Cuba na lista dos países que, segundo os norte-americanos, não colaboram totalmente na luta contra o terrorismo.
Lula também convocou os países mais ricos a investirem no financiamento de ações nos países em desenvolvimento para combater o desequilíbrio climático.
Essas declarações foram feitas durante o discurso de Lula na reunião de líderes do G77 e China, que ocorreu em Havana, capital de Cuba. O G77 é composto por países em desenvolvimento que fazem parte das Nações Unidas (ONU), e a China também esteve representada no encontro.
Lula começou seu pronunciamento saudando o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, e o povo cubano pela hospitalidade. Ele afirmou: "É de especial significado que, neste momento de grandes transformações geopolíticas, esta cúpula seja realizada aqui em Havana. Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo."
Vale esclarecer que o embargo econômico ao qual Lula se referiu foi imposto pelos Estados Unidos há mais de 60 anos e não há perspectiva de suspensão. Sua entrada em vigor em 7 de fevereiro de 1962 foi parte de uma série de medidas tomadas pelos norte-americanos contra o regime cubano durante a Guerra Fria.
Em 2022, os Estados Unidos, sob a presidência de Joe Biden, recolocaram Cuba na lista de países considerados pelos norte-americanos como "não colaborando completamente" na luta contra o terrorismo, o que agravou a crise nas relações entre os dois países.
Lula também teve uma reunião bilateral com Miguel Díaz-Canel, líder do regime cubano que governa a ilha desde 1959. Nesse encontro, os líderes buscaram fortalecer as relações entre Brasil e Cuba, que se distanciaram durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Depois da reunião em Havana, Lula seguirá para Nova York, onde fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU na próxima terça-feira (19). Durante sua estadia nos Estados Unidos, está previsto um encontro com o presidente Joe Biden.
O presidente petista também defendeu investimentos em transição energética e fez cobrança as nações mais ricas a financiarem ações para a preservação do meio ambiente. Ele argumentou que os países em desenvolvimento não compartilham da mesma "dívida histórica" que os países ricos em relação ao aquecimento global. Lula afirmou que o financiamento climático deve ser disponibilizado a todos os países em desenvolvimento de acordo com suas necessidades e prioridades.
Além disso, Lula defendeu a regulamentação de plataformas digitais para combater conteúdos antidemocráticos e discursos de ódio. Ele destacou o projeto de diretrizes globais da UNESCO para a regulamentação de plataformas digitais, que equilibra a liberdade de expressão e o acesso à informação com a necessidade de coibir a disseminação de conteúdos ilegais ou prejudiciais à democracia e aos direitos humanos.
No contexto da tecnologia, Lula criticou as multinacionais que, segundo ele, adotam modelos de negócios que aumentam a concentração de riqueza, mas chegam a desrespeitar as leis trabalhistas e, muitas vezes, violam os direitos humanos e colaboram para fomentar o extremismo.