A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, concedeu entrevista à jornalista Jeniffer Gularte no Palácio da Alvorada. As imagens capturadas pelo fotógrafo Bob Wolfenson foram destaque na edição deste domingo (5) da revista Ela, do jornal O Globo. Janja abordou diversos temas, incluindo seus desejos em relação à atuação no governo, a dinâmica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as questões de machismo no entorno presidencial.
Janja, que mencionou Michelle Obama como sua principal "inspiração" na política, expressou o desejo de ter um gabinete ao lado do ocupado por Lula no Palácio do Planalto, respondendo às críticas por seu envolvimento político, apesar de não ter sido eleita.
"Quem faz essa crítica não enxerga o mundo em que a gente vive hoje. Vou continuar ao lado do presidente, porque acho que é esse o papel que tenho que desempenhar", afirmou. Ela também ressaltou a diferença nas críticas entre países, citando que nos Estados Unidos a primeira-dama tem um gabinete e uma agenda ativa.
"Nos EUA, a primeira-dama tem. Tem também agenda, protagonismo, e ninguém questiona. Por que se questiona no Brasil? Vou continuar fazendo o que acho correto", enfatizou Janja. Ela revelou ainda ter sido a única primeira-dama a participar de uma reunião do G-20 ao lado do marido, a pedido de Lula.
Apesar de não participar de toda a agenda oficial, Janja mantém um contato próximo com Lula, inclusive questionando-o sobre determinadas ações. "Minhas conversas com o presidente são dentro de casa, no nosso dia a dia, no fim de semana, quando a gente toma uma cerveja. Quando estou incomodada, eu vou lá e questiono. Não é porque eu sou mulher do presidente que vou falar só de marca de batom", esclareceu.
A socióloga abordou também a relação próxima com ministras, a cobrança por mais espaço para mulheres no governo e a existência de machismo na estrutura governamental do governo progressista, incluindo o entorno de Lula.
Falando sobre as ameaças e ataques que enfrenta, especialmente nas redes sociais, Janja revelou ter cobrado a diretora do Google sobre fake news e destacou a violência e o machismo que permeiam o entorno. "Entendo, mas não aceito", ressaltou.
Ao ser questionada sobre a desconstrução do machismo por parte de Lula, Janja destacou que é um processo diário. "É diário, e ele está aberto. Não posso exigir de um homem de 78 anos, com toda a bagagem, que vire algumas chaves de uma hora para outra. Não funciona assim com ninguém", afirmou.
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