O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste domingo que apenas um "psicopata" ou um “imbecil” chamaria as manifestações de 7 de Setembro e 1º de maio de “atos que atentam contra a democracia”. Bolsonaro participou das duas manifestações, que tiveram entre seus motes ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
"Não estou atacando de forma nenhuma. Só um psicopata ou imbecil para dizer que os movimentos de 7 de setembro e 1º de maio são atos que atentam contra a democracia. Quem diz isso é psicopata ou imbecil", afirmou Bolsonaro durante passeio de moto neste domingo.
As manifestações de 7 de Setembro são alvo de investigações pelo STF e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo é saber quem financiou as viagens de caminhões e ônibus de diferentes partes do país e as diárias de hotéis para participantes dos atos em Brasília e em São Paulo. Há suspeita de que as manifestações podem ter sido financiadas por empresários ou políticos. O TSE também vai investigar se houve conteúdo de campanha eleitoral antecipada.
Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro discursou para apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, e chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de "canalha". Disse, também, que ele deveria "pegar o chapéu" e deixar a Corte. No 1º de Maio, no entanto, ele fez uma aparição rápida e não discursou.
Neste domingo, além de seu passeio de moto, Bolsonaro participou de jetski de uma “Lanchaciata” em favor de seu governo. Donos de iates de Brasília se reuniram no lago Paranoá próximo ao Palácio da Alvorada.
Bolsonaro disse que era preciso ter “pena” de um “maluco” que levanta uma “faixa do AI-5”, dando a entender que os ataques à democracia são fatores isolados nessas manifestações. Ele também afirmou que é “acusado de querer dar golpe”, mas argumentou que isso seria impossível porque já é presidente.
"Um maluco levanta uma faixa AI-5. Existe AI-5? Você tem que ter pena do cara que levanta faixa do AI-5. Não existe isso. Tem que ter pena dessas pessoas que não querem aprender", disse, completando depois: "Acusado de querer dar golpe, eu já sou presidente. Vou dar golpe em mim mesmo?Que idiotice meu deus. Que idiotice. Uma pessoa falar isso já é um psicopata."
Durante a história, há diversos episódios em que governantes abusam de seu poder para evitar alternância de poder ou para exercer controle total sobre o governo. No Peru, em 1992, o então presidente Alberto Fujimori dissolveu o Congresso e fez diversas mudanças no Poder Judiciário. No Brasil, em 1937, o então presidente Getúlio Vargas também implantou o chamado Estado Novo, também fechando o Congresso Nacional e cancelando as eleições marcadas para janeiro de 1938.
Eleições
O presidente voltou a falar que as eleições deste ano estão sob suspeição e que é preciso “aperfeiçoar” o sistema. Embora nunca tenha ocorrido um só caso comprovado de fraude nas urnas eletrônicas em mais de 20 anos de uso, Bolsonaro tem utilizado questionamentos feitos pelos militares ao tribunal para lançar suspeitas, sem provas, acerca do processo eleitoral.
— Se nós podemos aperfeiçoar, por que não podemos aperfeiçoar? Por que fazer eleições sob suspeição? Acaba com isso. Aí vem um ministro e fala que desde 97 não se tem suspeito de qualquer ato ilegal. Em 2014 o PSDB mandou fazer uma auditoria internacional sobre eleições. Qual o resultado? Que aquela votação é inadiável. Não sou eu que estou dizendo isso. Será que a verdade dói tanto nas pessoas? A verdade é uma coisa que tem que existir entre nós. Me aponte 1 ato antidemocrático meu. Unzinho só.
O presidente do TSE à época, ministro Dias Toffoli, afirmou na ocasião que o documento confirmava que não havia nenhuma evidência de que houve adulteração de programas, de votos ou mesmo qualquer indício de violação ao sigilo do voto no pleito do ano passado.
INCRA
Bolsonaro também afirmou neste domingo que as atividades do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não podem parar e que estuda soluções para o orçamento do Instituto. O presidente disse que está "pronto" para cortar verba de algum ministério casa não haja orçamento para o Incra.
--- Tá com problema de orçamento. Já foram se eu não me engano 330, 340 mil títulos. Precisamos de mais recursos, porque custa dinheiro você mandar o pessoal para as áreas trabalhar e emitir o título de propriedade. Não pode parar. Eu to pronto, vou falar com o Paulo Guedes, que se não tiver recurso, cortar de algum ministério.
O Incra suspendeu nesta sexta-feira todas as atividades que envolvam deslocamentos ou sejam avaliadas como "não urgentes". A determinação está em ofício encaminhado pelo presidente do órgão, Geraldo Melo Filho, às superintendências regionais.
No ofício, o presidente da autarquia diz que estão suspensas "quaisquer novas ações a serem iniciadas" que envolvam deslocamento e diárias "até manifestação em contrário por parte desta Presidência". O documento também informa o cancelamento das "solicitações de agendas nacionais" e a suspensão da realização de novos eventos do Incra, mesmo os que já estavam marcados.
"Em razão da atual indisponibilidade de recursos para a execução de atividades finalísticas da autarquia, informa-se que devem ser suspensas quaisquer atividades que envolvam deslocamentos para eventos, mesmo que entrega de títulos, uma vez que os recursos deverão ser priorizados em ações entendidas como urgentes e obrigatórias pela Sede", diz o documento.