Hacker diz que Bolsonaro lhe assegurou indulto caso fosse preso

“Eu estava desamparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim”, justificou sua escolha por aceitar a proposta do ex-presidente

Hacker Walter Delgatti Neto | Jonne Roriz/VEJA
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Na manhã desta quinta-feira (17), em seu depoimento perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga os ataques golpistas do 8 de janeiro, Walter Delgatti Neto, conhecido hacker, alegou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) supostamente prometeu a ele um indulto caso viesse a ser detido ou condenado por suas atividades relacionadas à invasão das urnas eletrônicas.

Delgatti Neto afirmou que essa promessa teria sido feita durante uma reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, nas proximidades das eleições presidenciais do ano passado. Respondendo às indagações da relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ele declarou:

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"Sim, recebi [a garantia de proteção]. Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal [referindo-se a Daniel Silveira]. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia", afirmou.

Intermediação de Zambelli

De acordo com o hacker, o encontro teria sido intermediado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), durante o ano de 2022, antes do período eleitoral. Segundo Delgatti Neto, o então presidente Bolsonaro expressou interesse em que ele avaliasse a segurança das urnas eletrônicas, visando verificar a integridade dos dispositivos.

"Apareceu a oportunidade da deputada Carla Zambelli, de um encontro com o Bolsonaro, que foi no ano de 2022, antes da campanha. Ele queria que eu autenticasse... autenticasse a lisura das eleições, das urnas. E por ser o presidente da República, eu acabei indo ao encontro. [...] Lembrando que eu estava desamparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim. Por isso que eu fui até eles", expôs.

O detento relatou que o ex-presidente solicitou que seus assessores o levassem a especialistas do Ministério da Defesa para auxiliá-lo em suas atividades.

"A ideia era falar sobre as urnas e sobre a eleição, e sobre a lisura das urnas. E a conversa, ela foi bem técnica, até que o presidente me disse. Falou assim: 'Olha, a parte técnica eu não entendo, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa e lá, com os técnicos, você explica tudo isso", explicou.

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