Há suspeitas levantadas em relação a um contrato entre o gabinete da deputada Carla Zambelli, filiada ao Partido Liberal (PL), e uma empresa, que levantam preocupações sobre o possível uso de dinheiro público para remunerar o hacker responsável por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Na quarta-feira (2), a Polícia Federal realizou uma operação para investigar a invasão a sistemas da Justiça, durante a qual Jean Hernani Guimarães Vilela, secretário parlamentar do gabinete da deputada federal Carla Zambelli, do PL, foi um dos alvos.
De acordo com informações da Polícia Federal, Jean Hernani Guimarães Vilela, secretário parlamentar do gabinete da deputada federal Carla Zambelli, do PL, foi apontado como responsável por um dos pagamentos feitos ao hacker Walter Delgatti, que está preso em Araraquara, São Paulo. Delgatti confessou ter inserido informações falsas no sistema do Conselho Nacional de Justiça em janeiro de 2023, onde estão armazenados os registros do Banco Nacional de Mandados de Prisão.
Na quarta-feira (2), após a operação, a deputada afirmou que os pagamentos feitos ao hacker destinavam-se à manutenção de seu site pessoal. Além disso, ela negou veementemente ter utilizado recursos públicos provenientes da cota parlamentar, que é destinada a cobrir despesas decorrentes do exercício do mandato parlamentar.
“Os pagamentos que houve foram sempre relacionados ao site, para ele fazer melhorias no site. Não foi da minha cota. Todo dinheiro foi de empresa que eu subcontratei, e essa empresa pagou, mas do meu bolso, não da cota”, disse Zambelli.
Segundo informações obtidas nos dados de transparência da Câmara, foi revelado que entre outubro de 2022 e abril de 2023, a deputada Carla Zambelli realizou pagamentos no valor total de R$ 94 mil a uma empresa contratada para prestação de serviços de divulgação parlamentar. É importante ressaltar que a empresa tem como única proprietária Monica Romina Santos de Sousa, esposa de Jean, assessor parlamentar que também fez um dos repasses ao hacker envolvido no caso.
Na quarta-feira (2), o assessor parlamentar da deputada foi interrogado pela Polícia Federal. Já nesta quinta-feira (3), em uma conversa telefônica, o assessor, Jean, afirmou que pagou o hacker Delgatti com recursos próprios, de natureza pessoal, apesar de a deputada ter reconhecido que o hacker trabalhava para o seu site.
“A situação do hacker foi o seguinte: eu com, não sei se inocência... Eu quero fazer algo bonito para a deputada para ela poder ficar impressionada. Eu contratei o Walter com o dinheiro meu, pessoal. Não foi pago dinheiro da Hernani Filmes para o Walter, foi pago dinheiro do Jean, pessoa física”, afirmou Jean Hernani Guimarães Vilela.
A deputada Carla Zambelli reiterou que jamais efetuou qualquer pagamento ao hacker Walter Delgatti utilizando recursos da cota parlamentar. Por sua vez, o assessor da deputada, Jean Guimarães Vilela, falou em nome de sua esposa, Monica de Sousa, e afirmou que a empresa dela prestou integralmente os serviços para os quais foi contratada.
(Com informações do Jornal Nacional)