Governo Bolsonaro comprou pescoço de galinha por R$ 260 o quilo para aldeia

Os pescoços de galinha foram adquiridos para indígenas da etnia Mura e funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) durante uma missão em Manicoré, na floresta amazônica.

Governo Bolsonaro teria comprado item por preço 24 vezes acima do mercado | Reprodução/Redes Sociais
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Um levantamento realizado pelo jornal O Estado de São Paulo, divulgado nesta terça-feira, 16 de maio, aponta indícios de irregularidades na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Segundo o jornal, no ano passado, o governo teria adquirido pescoços de galinha destinados a indígenas da Amazônia por um valor superfaturado de R$ 260 o quilo. Essa aquisição teria sido feita sem a realização de licitação, representando um valor 24 vezes maior do que o preço médio de R$ 10,7 em compras anteriores feitas pelo Governo Federal.

As notas fiscais apresentadas pela reportagem revelam que foram gastos R$ 5,2 mil na compra de 20 quilos de pescoço de galinha. No entanto, não há registros de que essa quantidade tenha sido entregue às aldeias indígenas. É importante destacar que com esse valor seria possível adquirir meio tonelada de pescoço de galinha pelo preço médio praticado em outros contratos.

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Os pescoços de galinha foram adquiridos para indígenas da etnia Mura e funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) durante uma missão em Manicoré, na floresta amazônica.

Ao ser contatada pelo jornal o Estado de São Paulo, a empresa responsável pela venda das carnes afirmou que "tudo foi entregue conforme as notas fiscais emitidas e os preços estabelecidos pela Funai", mas negou ter vendido pescoço de galinha.

"Carne de pescoço? Não temos isso aqui. Eu sei que é uma carne de baixa qualidade. Deve ter sido um erro nas notas de pagamento", disse o proprietário ao ser questionado sobre a justificativa para vender o produto por R$ 260 o quilo.

Além disso, foi revelado que a Coordenação Regional da Funai no Rio Madeira, na Amazônia, também adquiriu mais de uma tonelada de alcatra, latas de presunto, charque, maminha e coxão duro, que nunca foram distribuídos às famílias indígenas durante a pandemia da COVID-19. As cestas básicas entregues continham apenas arroz, feijão, macarrão, farinha de milho, leite e açúcar.

A empresa responsável pela entrega das cestas, Loja do Crente Rei da Glória, não respondeu aos questionamentos sobre o caso.

Bolsonaro depõe hoje na Polícia Federal

O ex-presidente Jair Bolsonaro comparecerá à Polícia Federal (PF) hoje, terça-feira (16), às 13h, para prestar depoimento. Durante o depoimento, ele afirmará que não recebeu a vacina contra a Covid-19 e negará qualquer envolvimento em um suposto esquema de fraude relacionado ao cartão de vacinação no Ministério da Saúde. Essa declaração é uma tentativa de se dissociar de outros indivíduos investigados pela PF. 

O depoimento se dá no âmbito da operação Venire, que investiga a atuação de uma associação criminosa que inseria dados falsos de vacinação nos sistemas públicos. Bolsonaro deveria ter esclarecido à PF no dia 3, data da ação, mas não o fez por falta de acesso aos autos do inquérito. 

O ex-presidente teve sua casa, localizada em Brasília, alvo de busca e apreensão por parte da PF. Ele criticou a medida. "Não há dúvida que eu chamo de 'operação para te esculachar'. Podiam perguntar sobre vacina, cartão, eu responderia sem problema nenhum. Agora uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de assumir a Presidência até agora. Não sei quando isso vai acabar", disse.

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