Nos primeiros dias de sua série de reuniões com senadores em busca de apoio para sua indicação à chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o subprocurador-geral da República, Paulo Gonet, enfrentou questões específicas levantadas por parlamentares bolsonaristas. Apesar de ter recebido sinalizações positivas de membros da oposição, um tema em particular gerou preocupação entre os bolsonaristas.
O ponto de atenção é a situação dos participantes dos eventos ocorridos em 8 de janeiro, considerados por alguns como atos golpistas. Durante uma reunião entre Gonet e o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), na tarde de quarta-feira (29), o tema foi abordado. Portinho expressou preocupação com a morte de Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, que faleceu devido a um "mal súbito" durante o banho de sol na Penitenciária da Papuda.
Cunha foi preso dentro do Senado em 8 de janeiro e acusado de cinco crimes, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia concordado com seu alvará de soltura em setembro. Contudo, o ministro do STF Alexandre de Moraes não analisou o pedido a tempo.
Carlos Portinho destacou a importância de analisar rapidamente os casos dos detidos em 8 de janeiro para evitar incidentes como o de Cleriston Pereira da Cunha.
Durante a conversa em um café do Senado, Gonet comprometeu-se a lidar com os casos com atenção, caso sua indicação seja confirmada no plenário. A morte de Cleriston gerou críticas intensificadas por bolsonaristas contra Moraes, que determinou a soltura de 11 presos.
Preocupação com os “patriotas” detidos
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) expressou preocupações sobre violações dos direitos humanos e pretende abordar o assunto com Gonet em um encontro futuro.
Atualmente, a Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro contabiliza 106 pessoas presas por envolvimento direto nos eventos. Segundo a Defensoria Pública da União (DPU), somente no complexo penitenciário da Papuda há 43 detidos.
Embora a PGR não tenha o poder de prender ou soltar indivíduos por conta própria, é considerada uma ferramenta significativa na defesa das garantias constitucionais, segundo avaliação dos parlamentares.
Tanto governistas quanto oposicionistas projetam que Gonet será aprovado pelo plenário do Senado sem grandes dificuldades, alcançando mais de 41 votos necessários para ocupar a vaga deixada pelo término do mandato de Augusto Aras em setembro.
Apesar de sua proximidade com Moraes e de ter defendido a inelegibilidade de Bolsonaro em dois julgamentos no TSE, Gonet é visto de forma positiva pelos bolsonaristas. Eles consideram que, entre os cotados para a PGR, o subprocurador é o candidato menos vinculado à esquerda e a Lula, sendo menos propenso a intensificar as críticas contra Jair Bolsonaro, além de possuir posições conservadoras em questões de costumes.
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