O deputado Arthur Oliveira Maia, que lidera a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, anunciou que a comissão planeja ouvir o depoimento do ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, General Walter Braga Netto, na próxima terça-feira, dia 19. A convocação de Braga Netto foi aprovada em junho, e alguns parlamentares da base do governo o acusam de liderar esforços para questionar o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições.
A senadora Ana Paula Lobato, autora de um dos requerimentos para a convocação, destacou que os eventos de 8 de janeiro representam a culminação de várias situações em que membros do governo Bolsonaro desafiaram a ordem legal e democrática. Ela enfatizou a importância do general esclarecer seu envolvimento direto ou indireto nesses acontecimentos.
A CPMI emitiu dois ofícios confirmando a convocação de Braga Netto, um deles direcionado ao general, garantindo seu direito de não responder a perguntas para evitar a autoincriminação, e o outro ao comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, solicitando assistência urgente para cumprir a convocação.
O presidente da CPMI, Arthur Maia, também anunciou que a comissão só aprovará novos depoimentos se incluírem o comando da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP). A oposição acusa o governo de desmobilizar a Força Nacional em 8 de janeiro, mesmo ciente do risco de eventos golpistas, enquanto o governo argumenta que a Força Nacional só pode ser acionada mediante pedido do governo do Distrito Federal, que não ocorreu.
Maia enfatizou que as comissões de inquérito são ferramentas importantes para a atuação da minoria parlamentar e que os pedidos da oposição devem ser considerados. Ele informou que a senadora Eliziane Gama, relatora da CPMI, e o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso, estão trabalhando para chegar a um acordo nesse sentido.
Além disso, a CPMI ouviu o depoimento do general Gustavo Henrique Dutra, ex-comandante do Comando Militar do Planalto, sobre seu papel na manutenção do acampamento em frente ao quartel-general do Exército, que serviu como ponto de partida para os eventos de 8 de janeiro. Arthur Maia comentou que permitir a continuidade dos acampamentos foi um erro, mas o Exército, em última instância, atuou para preservar a democracia.
Outros depoimentos programados incluem o do subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, da Polícia Militar do Distrito Federal, que participou da defesa do prédio do Congresso Nacional e foi agredido por invasores. A comissão ainda discute a prorrogação de seus trabalhos, considerando que já foi estabelecido um prazo estendido de seis meses para sua atuação, que é o prazo usual para comissões de inquérito após prorrogação. (Com informações da Agência Senado)