Fernando Collor se recusa a retirar declaração ofensiva contra Pedro Simon

Os senadores Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediram que Collor retirasse as palavras ofensivas a Simon

Fernando Collor se recusa a retirar declaração | Divulgação
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O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) se recusou nesta segunda-feira a retirar os termos ofensivos dirigidos ao senador Pedro Simon (PMDB-RS) durante discussão no plenário do Senado. Collor pediu que Simon "engula" suas palavras e as "digira como achar conveniente" quando for mencionar o seu nome.

"Eu quero lamentar os termos pelos quais eu tive que canalizar a minha indignação. Lamento, mas não os retiro. Os que pedem para que o faça não sofrem o que eu venho sofrendo. Não posso retirar uma palavra do que aqui disse", afirmou.

Os senadores Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediram que Collor retirasse as palavras ofensivas a Simon. O ex-presidente da República disse, porém, que não vai retirar as palavras porque há muitos anos vem sistematicamente se mantendo calado sobre "incoerências" de Simon.

"O senador que estava na tribuna [Simon] repete que estive com ele, visitando-o, convidando-o para ser meu candidato a vice-presidente na campanha ao Palácio do Planalto. Isso não é verdade. Ouvi isso dele algumas vezes, mas por condescendência deixei passar. Naquela época, para ser meu vice, tinha que ser alguém de Minas Gerais. Não adiantaria chover em chão molhado. Nunca me passou pela cabeça, por mais mérito que possua, convidá-lo para fazer parte da minha chapa ou qualquer outra coisa", disse Collor.

Em discurso no qual defendeu o afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Simon disse que Collor havia lhe chamado para ser seu vice-presidente na chapa que o elegeu presidente da República em 1989. Irritado com a menção do peemedebista, Collor reagiu e partiu para o ataque contra Simon --que, ao contrário do petebista, defende o afastamento de Sarney.

Collor disse que, se Simon voltar a mencionar o seu nome no plenário, ele está disposto a subir na tribuna para defender a sua história. "Que esse senador, por favor, não cite mais o meu nome sob pena de estar aqui novamente para oferecer a ele meu aparte, minha indignação pela forma que ele se dirige aos meus companheiros", afirmou.

Assim como Collor, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) também trocou ofensas no plenário com Simon depois que o peemedebista defendeu o afastamento de Sarney. Renan disse que Simon age de maneira "ambígua" porque defende a renúncia de Sarney publicamente, mas fez sucessivos apelos para que o peemedebista lançasse sua candidatura à presidência do Senado.

"Tudo o que faz no particular, nos debates internos, é a coerência que Vossa Excelência precisava ter. Eu conheço Vossa Excelência, os dois pesos e duas medidas que Vossa Excelência usa", disse Renan.

REPARO HISTÓRICO

Collor aproveitou a troca de ofensas no plenário para fazer o que chamou de "reparo histórico" do período em que foi afastado da presidência da República. O ex-presidente disse que, assim como Sarney, foi vítima de uma ação orquestrada pela mídia para se afastar do cargo.

O petebista acusou a revista "Veja" de forjar provas contra o seu governo com o objetivo de afastá-lo da Presidência. Collor também disse que o movimento dos "cara pintada" foi estimulado pela imprensa para tirá-lo do poder.

"Eu hoje defendo a permanência do presidente Sarney nesta casa. Não há ninguém com mais experiência para dirigi-la do que ele: duas vezes presidente desta Casa e presidente da República. Eu já passei por isso, sei como essas coisas são mordidas, fabricadas, vazadas, sei como essas coisas correm no subterrâneo dessa imprensa que deseja que [o Senado] se agache a eles, que acham que podem mandar em Casa democrática, livre e independente como o Senado", afirmou Collor.

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