Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) foram utilizados para conduzir familiares, amigos, pastores e até mesmo a cadela de estimação da família do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o tempo em que comandou o País. Conforme o portal Metrópoles, os voos foram realizados em várias ocasiões, inclusive, em situações em que os envolvidos viajaram para compromissos pessoais, a exemplo de eventos religiosos.
Os dados obtidos pelo portal são relativos aos quatro anos do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, onde foram mapeados mais de 70 viagens da família do ex-presidente, todas elas sem a presença do próprio Bolsonaro. De acordo com o site, a então primeira-dama Michelle Bolsonaro foi a pessoa que mais utilizou as aeronaves da FAB, com 54 viagens. Algumas dessas viagens foram para comparecer a cultos religiosos, sem que houvesse algum evento oficial no mesmo destino que justificasse o uso da aeronave.
O vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, realizou dez viagens, enquanto Jair Renan, outro filho de Bolsonaro, realizou sete viagens. Os dados foram obtidos através de documentos oficiais do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Os registros indicam que Michelle Bolsonaro fez uso dos aviões da FAB para voar de Brasília para o Rio de Janeiro em pelo menos três ocasiões, com o objetivo de participar de encontros em uma igreja evangélica na Barra da Tijuca. Nessas viagens, ela chegava a levar uma lista de até dez acompanhantes. Dos 54 voos feitos pela então primeira-dama, em 33 deles não havia uma explicação detalhada que justificasse o uso da aeronave da FAB, sendo que os documentos do GSI indicavam que as naves decolavam "em apoio" a Michelle.
Além disso, segundo o Metrópoles, houve uma ordem para que Jair Renan Bolsonaro fosse considerado passageiro prioritário na lista. Trocas de mensagens reproduzidas na reportagem mostram que em 2019 houve reforço sobre a inclusão de Jair Renan nos voos: "Não se esqueçam do Renan".
Outro fato curioso foi o transporte da cachorra de estimação da família Bolsonaro, Beretta, em aviões da FAB. Em um grupo de mensagens utilizado para compartilhar ordens de serviço, a cadelinha era mencionada como "fera Beretta". Ela viajou do Rio de Janeiro para Brasília junto com Michelle Bolsonaro e Jair Renan, que ia visitar a mãe em Resende, no interior do Rio de Janeiro. A ordem para o translado foi expedida por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens que atualmente enfrenta questões relacionadas a irregularidades envolvendo joias recebidas pela família Bolsonaro, fraude em cartões de vacinação e participação no evento do dia 8 de Janeiro.