O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou nesta quinta-feira (8) que o esquema fraudulento que gerou descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS foi estruturado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Messias, a "engenharia criminosa" foi criada nos momentos finais da gestão passada e se aproveitou do desmonte institucional da Previdência.
Coletiva
🔍 Durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, Messias apontou que a fraude foi facilitada pela precariedade do Instituto Nacional do Seguro Social, que, segundo ele, foi deixado sem servidores e sem estrutura. “Todos sabem a situação lamentável que encontramos no INSS”, afirmou, ao explicar as dificuldades para desarticular o esquema.
Críticas ao vídeo de deputado
Sem citar nomes diretamente, o chefe da AGU criticou um vídeo publicado pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), aliado de Bolsonaro, que viralizou nas redes sociais com acusações contra o governo Lula. Para Messias, a postagem visa "lacrar" e provocar medo entre os brasileiros.
“O deputado deveria perguntar ao governo que ele apoia por que colocou a Dataprev à venda e desmontou a empresa pública”, provocou Messias. Segundo ele, a Dataprev foi intencionalmente sucateada para facilitar sua privatização, comprometendo a segurança dos dados da Previdência.
Cobranças
O ministro também cobrou que aliados do ex-presidente respondam por que, mesmo diante de denúncias e suspeitas de irregularidades, o Ministério da Previdência à época não investigou os casos. Messias ainda mencionou a flexibilização de regras no Congresso que teria permitido a continuidade dos descontos.
O vídeo de Nikolas Ferreira, publicado na terça-feira (6), afirma que o esquema é “o maior escândalo de corrupção do país” e responsabiliza o atual governo. A gravação já acumula mais de 127 milhões de visualizações no Instagram, ampliando a pressão sobre o Planalto.
Informações distorcidas
Contudo, o deputado distorceu informações ao afirmar que R$ 90 bilhões foram movimentados em fraudes. Na verdade, esse é o valor total de empréstimos consignados liberados em 2023, não o montante desviado ilegalmente, estimado em até R$ 6 bilhões pela Polícia Federal.
Investigação
As investigações da PF e da Controladoria-Geral da União revelam que a prática criminosa teve início em 2019, já no primeiro ano do governo Bolsonaro, e se estendeu até 2024, período em que também houve negligência institucional, segundo os órgãos federais.
Resposta
Diante da repercussão do vídeo, o Palácio do Planalto orientou ministros e parlamentares aliados a rebaterem publicamente as acusações. A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) afirmou em uma rede social que o combate à fraude só começou efetivamente na gestão Lula e reforçou que, diferentemente do governo anterior, a atual administração acionou a Polícia Federal e a CGU para enfrentar o esquema e buscar o ressarcimento aos aposentados e pensionistas prejudicados. (Fonte: g1)