O governo do Equador declarou neste sábado (19) que o país está em “alerta máximo”, após a divulgação de um relatório do serviço de inteligência militar que aponta para uma possível tentativa de assassinato contra o presidente reeleito, Daniel Noboa.
O documento, datado de 17 de abril e assinado pelo coronel do Exército Rolando Proaño, do Comando Conjunto das Forças Armadas, alerta sobre a movimentação de grupos criminosos internacionais em direção ao país.
Segundo o relatório, “começaram os deslocamentos de assassinos de aluguel do México e outros países para o Equador, com a finalidade de realizar atentados terroristas contra o Presidente da República” e membros de sua equipe mais próxima, após a vitória de Noboa no segundo turno das eleições presidenciais.
SEGURANÇA REFORÇADA E MOBILIZAÇÃO DE FORÇAS
Em resposta às ameaças, o Ministério do Governo divulgou nota oficial afirmando: “Condenamos e repudiamos energicamente qualquer tentativa de atentar contra a vida do senhor Presidente da República, autoridades do Estado e funcionários públicos”. A pasta acrescentou que “o Estado está em alerta máximo”.
O comunicado assegura que “as Forças Armadas, a Polícia Nacional e os organismos de inteligência estão trabalhando de forma articulada para neutralizar qualquer ameaça”.
O relatório das Forças Armadas também aponta para o planejamento de atentados contra infraestruturas estratégicas, como estradas, bancos e instituições estatais, além da possibilidade de protestos violentos em diversas regiões do país.
ACUSAÇÕES CONTRA CRIMINOSOS E ADVERSÁRIOS POLÍTICOS
O governo de Noboa atribuiu o suposto complô a “estruturas criminosas, em conluio com setores políticos derrotados nas urnas”, mas não forneceu mais detalhes sobre os autores ou eventuais provas.
Daniel Noboa, que deve seguir no cargo até 2029, venceu no segundo turno a candidata da esquerda Luisa González, que até o momento não reconheceu oficialmente o resultado das urnas.
CENÁRIO POLÍTICO TENSO E RELAÇÕES EXTERNAS
A tensão política se soma ao desgaste diplomático entre Equador e México, que romperam relações em abril do ano passado após Noboa ordenar a entrada forçada na embaixada mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, condenado por corrupção e asilado na representação diplomática.
Os governos da Colômbia, liderado por Gustavo Petro, e do México, com Claudia Sheinbaum, ainda não reconheceram a vitória de Noboa, ecoando as denúncias de fraude eleitoral feitas por González — alegações já descartadas por observadores internacionais da União Europeia e da OEA.
ESCALADA DA VIOLÊNCIA
Antigo símbolo de estabilidade na América do Sul, o Equador atravessa hoje uma grave crise de segurança. O país é palco de disputas territoriais entre grupos de narcotráfico e organizações mafiosas transnacionais.
Diante do avanço da criminalidade, o presidente decretou em 2024 a existência de “conflito armado interno” e tem adotado uma política de segurança de linha dura, buscando apoio internacional para conter a violência e garantir a estabilidade institucional.