O economista Adriano Pires oficializou a desistência de assumir a presidência da Petrobra nesta segunda-feira (4). Em carta enviada ao ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, ele agradeceu a indicação e reafirmou o compromisso de continuar na "luta" pelo desenvolvimento do mercado de óleo e gás. As informações são da jornalista Ana Flor.
Como justificativa, ele disse que não poderia conciliar o cargo com as atividades de consultoria que já desempenha, atualmente, para empresas do setor.
O nome de Pires foi indicado na semana passada, no lugar do general da reserva Joaquim Silva e Luna, que foi demitido em meio à insatisfação do presidente Jair Bolsonaro por causa da alta do preço dos combustíveis. Ele ainda não tinha assumido o posto já que seu nome precisava ser aprovado pela assembleia geral de acionistas, marcada para o dia 13 de abril.
"Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo", diz a carta.
No fim da manhã, a jornalista Malu Gaspar havia adiantado em seu blog no Globo que Pires já tinha comunicado sua decisão ao Palácio do Planalto.
No documento enviado a Bento Albuquerque, Adriano Pires afirma que chegou a iniciar as tratativas para se desvincular do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) – empresa de consultoria que ele comanda com o filho. O economista acrescenta, no entanto, ter percebido que não teria como concluir esse processo em tão pouco tempo.
O ministro Bento Albuquerque enfatizou que o convite ao economista foi motivado por seu "elevado conhecimento do setor energético internacional e brasileiro, aliado à sua sólida formação acadêmica e profissional".
"No entanto, em decorrência de suas considerações consignadas na carta encaminhada a esta Pasta, compreendemos as razões que o motivaram a declinar da indicação à Presidência da Petrobras", diz o ministro.
Leia abaixo a íntegra da carta enviada por Adriano Pires ao Ministério de Minas e Energia:
Exmo Sr Bento Albuquerque
Ministro de Estado de Minas e Energia
Foi com muito orgulho, Senhor Ministro, que recebi seu convite para assumir a Presidência da Petrobras. Com mais de 30 anos de vida dedicados ao setor de Óleo e Gás, comecei a trabalhar as condições para cumprir a missão que me foi dada. Vi nessa missão a certeza de poder ajudar a Companhia e o País a enfrentar a atual conjuntura de turbulência e incerteza no cenário mundial.
Senti-me confiante porque constatei o alinhamento de visões em relação ao papel da Companhia neste momento.
Ficou claro para mim que não poderia conciliar meu trabalho de consultor com o exercício da Presidência da Petrobras. Iniciei imediatamente os procedimentos para me desligar do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria que fundei há mais de 20 anos e hoje dirijo em sociedade com meu filho. Ao longo do processo, porém, percebi que infelizmente não tenho condições de fazê-lo em tão pouco tempo.
É por isso, Senhor Ministro, que sou obrigado a declinar de tão honroso convite. Agradeço imensamente a V.Exa e ao Senhor Presidente, Jair Messias Bolsonaro, pela confiança depositada em mim, para tão importante missão, e pela deferência e respeito com que fui tratado por V.Excias e por esse Governo.
Ao longo de minha carreira, sempre lutei pelo desenvolvimento do mercado brasileiro de Óleo e Gás. Venho defendendo publicamente a importância de regras de mercado e do aumento da competição, em prol do consumidor e da sociedade, do crescimento do País e do incentivo aos investimentos.
Para concluir, reafirmo aqui o compromisso de continuar nessa luta, que é em favor do Brasil e votos de continuado sucesso na gestão do nosso Presidente Bolsonaro em favor do povo brasileiro.
Com elevado apreço,
Adriano Pires