Violência nas eleições de 2024 é mais que o dobro do pleito passado

No início da campanha de 2024, o número de incidentes já chegava a 1,5 por dia. Durante a fase de pré-campanha, foram registradas 145 ocorrências de violência eleitoral.

Mulheres fazem manifestação por direitos iguais, contra o racismo e contra a violência, em Brasília | Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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Na noite de quinta-feira (3), o carro de uma candidata a vereadora no Rio de Janeiro foi alvo de disparos. Graças à blindagem do veículo, ela conseguiu sobreviver ao atentado. Em São Paulo, uma candidata à Câmara Municipal teve seu carro atingido por 11 tiros, mas não estava presente no momento do ataque. Mesmo assim, precisou ser levada ao hospital após passar mal. Já em Sumaré, no interior paulista, o coordenador da campanha de um candidato a prefeito foi vítima de disparos efetuados por dois homens.

O que aconteceu

Esses três casos, ocorridos entre na noite de quinta (3) e hoje (4), ilustram a escalada de violência nas eleições municipais deste ano, que já registram um número de incidentes como esses mais que o dobro em relação ao pleito anterior.

Aumento de violência

A impressão de que a violência aumentou em 2024 é corroborada pela terceira edição da pesquisa "Violência Política e Eleitoral no Brasil", realizada pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, divulgada ontem (3). O levantamento aponta que o número de casos de violência eleitoral neste ano é 130% superior ao registrado em 2020. Atualmente, o país contabiliza, em média, 1,5 ocorrência diária de violência política, enquanto em 2020 essa média era de apenas um caso por semana.

145 ocorrências de violência

De acordo com o relatório, apenas no início da campanha de 2024, o número de incidentes já chegava a 1,5 por dia. Durante a fase de pré-campanha, foram registradas 145 ocorrências de violência eleitoral, incluindo assassinatos, atentados, ameaças e outros tipos de agressão. Em comparação, no mesmo período de 2020, foram 63 ocorrências, das quais 14 eram assassinatos, 15 atentados e 10 ameaças.

violência política

Gisele Barbieri, coordenadora da Terra de Direitos, afirmou que "desde a primeira edição da pesquisa, observamos que em anos eleitorais há um aumento da violência política. A naturalização desses atos é evidente, considerando o elevado número de assassinatos, atentados e ameaças". Ela acrescentou que a pesquisa também revela que a violência afeta partidos de todos os espectros políticos, mas tem um impacto desproporcional sobre as mulheres.

Expectativa

Com o primeiro turno das eleições marcado para este domingo (6), os dados do relatório deverão ser atualizados em breve. Caso as tendências atuais se mantenham, o número de incidentes deve subir ainda mais, reforçando o cenário de crescente violência eleitoral no país.

Histórico de violência política

A pesquisa visa analisar o contexto político-eleitoral, monitorando como a violência interfere no processo democrático ao longo dos anos. Entre 1º de janeiro de 2016 e 15 de agosto de 2024, foram registrados 1.168 casos de violência política no Brasil. Esses números incluem os dados mais recentes, que detalham o tipo de incidente, perfil das vítimas e a distribuição dos casos por região, cor e raça.

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