Com sua política de controle de gastos em crescente descrédito, a presidente Dilma Rousseff abriu um potencial conflito com o Congresso ao vetar integralmente o projeto aprovado no mês passado que permitia a criação de algo como 180 novos municípios.
Segundo a argumentação apresentada no ?Diário Oficial? de hoje, a medida permitiria ?a expansão expressiva do número de municípios do país, resultando em aumento de despesas com a manutenção de sua estrutura administrativa e representativa?.
?Esse crescimento de despesas não será acompanhado por receitas equivalentes, o que impactará negativamente a sustentabilidade fiscal e a estabilidade macroeconômica?, diz a justificativa do veto, atribuída a recomendação do Ministério da Fazenda.
Interesse de candidatos a prefeitos, a vereador, deputados e senadores, o projeto teve apoio de ampla maioria no Congresso. Na última votação, no Senado, passou por 53 votos a 5.
As regras brasileiras estimulam a criação de municípios sem fontes mínimas de receita para financiar suas atividades, graças aos repasses obrigatórios de recursos da União e dos Estados.
A principal transferência de recursos da União para as prefeituras é o FPM (Fundo de Participação dos Municípios), formado por 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados.
Para o Palácio do Planalto, a criação de novos municípios forçaria mais divisões dos recursos do FPM, o que prejudicaria principalmente ?os municípios menores e com maiores dificuldades financeiras?.
O texto do Congresso poderia resultar em até mais municípios que os 180 estimados no dia da votação.
Um levantamento feito pela Folha com dados dos 5.565 municípios do país constatou que 269 distritos teriam, segundo as regras do projeto vetado, condições para iniciar um processo de emancipação.