Parlamentares do Partido Liberal (PL) acusam seus colegas de bancada de perseguição caso não sigam as posições do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) na Câmara dos Deputados. As denúncias surgiram após a divulgação de mensagens trocadas no grupo de WhatsApp dos deputados federais da sigla, onde os apoiadores radicais de Bolsonaro atacaram aqueles que têm opiniões divergentes do ex-presidente. A situação se intensificou a ponto de o líder do PL na Casa, Altineu Côrtes (RJ), ter restringido as publicações, permitindo agora apenas aos administradores do canal.
Os parlamentares da legenda afirmam que estão sendo perseguidos desde que votaram a favor do governo na aprovação da reforma tributária na Câmara. Na ocasião, 30 deputados do PL apoiaram o governo, mas os ataques por parte dos bolsonaristas aumentaram após outros 20 votarem a favor da reforma tributária, indo contra a orientação do partido e os esforços pessoais de Bolsonaro para convencer seus aliados políticos a se posicionarem contra o texto. Aqueles que não seguiram a orientação de Bolsonaro se queixam de serem alvos de "milícias digitais" nas redes sociais quando não seguem a cartilha do ex-presidente.
Os deputados perseguidos alegam ser assediados por cerca de 10 "radicais" da bancada. Em entrevista, os deputados Vinicius Gurgel (PL-AP) e Yury do Paredão (PL-CE) relataram a violência dos bolsonaristas da bancada e afirmaram que o comportamento deles difere até mesmo do filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (SP), que evita ofensas pessoais aos dissidentes, embora apoie os argumentos do pai nas redes sociais.
Aqueles que divergem de Bolsonaro estimam que, dos 99 deputados do PL, a maior bancada da Câmara, cerca de 10 são bolsonaristas radicais e outros 20 são bolsonaristas leais, porém "respeitosos" com os colegas.
Assédio à filha de um parlamentar
Gurgel (PL-AP) relatou que sua filha foi assediada por colegas na escola devido a montagens nas redes sociais feitas por bolsonaristas, que o rotularam de "traidor" de Bolsonaro depois que votou a favor do governo federal.
"Perguntaram para minha filha na escola: 'por que teu pai traiu o Bolsonaro?' Eu não traí ninguém", relatou Gurgel, que é deputado federal desde 2011, rejeita qualquer responsabilidade por seu desempenho eleitoral em relação a Bolsonaro e enfatiza seu compromisso com o PL e o presidente Valdemar Costa Neto.
Engajamento nas redes
Yury, também impulsionado pelas redes sociais, avalia que os ataques dos seguidores de Bolsonaro na bancada são tentativas de manter seus eleitores engajados. Ele afirma que não permitirá que os bolsonaristas que o atacam interfiram em suas votações.
"Fomos eleitos com uma pauta diferente da deles. Mas eles fazem de tudo para ganhar likes. Não vamos permitir que deputados radicais interfiram na forma como conduzimos nosso mandato", afirmou.
Os deputados que são alvos da perseguição bolsonarista acreditam que outros parlamentares deixaram de votar contra os interesses de Bolsonaro após os ataques nas redes sociais, especialmente após 30 deputados do PL votarem a favor do arcabouço fiscal proposto pelo governo em 23 de maio.
Providências
Após restringir as publicações no grupo de WhatsApp, o líder do PL na Câmara, Côrtes, declarou que irá conversar com o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, e com o ex-presidente para discutir e estabelecer limites juntamente com a bancada. Ele enfatizou a importância de manter a calma e resolver as diferenças sem agressões.
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