Cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), postou um longo desabafo nas suas redes sociais na manhã desta sexta-feira, 19 de maio. Na ocasião, o ex-deputado federal citou nominalmente vários políticos que comemoraram a decisão da Corte.
"Quanto aos risos e comemorações de Aécio Neves, Beto Richa, Eduardo Cunha, Renan, Gleisi Hoffmann e tantos outros, que acreditam que me humilham ao celebrarem a cassação ilegal de 345 mil eleitores, e les estão equivocados. (…) Seria humilhante para mim ser um de vocês. Em particular, para Cunha, que me enviou um ‘Tchau, Querido’, eu digo que não estou partindo e prometo trazer ainda mais pessoas comigo", frisou.
Anteriormente, Deltan já havia publicado os prints de uma série de reportagens criticando sua cassação, o ex-parlamentar voltou a se colocar como vítima de um 'Governo vingativo'. O político cita que tem recebido diversas mensagens carinhosas, indicando que não está sozinho. Ademais, anunciou que voltará para Curitiba.
"Nas lágrimas daqueles que compartilharam nossa dor, vi o combustível da esperança, vi a força da indignação e tive, mais uma vez, a certeza de que não estou sozinho. Somos muitos. Somos muito maiores que um sistema corrupto e um governo vingativo. A democracia no Brasil precisa prevalecer, a liberdade precisa ser restaurada e o poder do voto é o caminho para isso. A cassação ilegal, pelo TSE, do voto de 345 mil paranaenses, em um exercício de futurologia, nos lembra que todo poder emana do povo. Não permitam que os donos do Brasil abalem sua crença em nossa força democrática. Ela está presente e continuará através do ato político em defesa do país que construiremos".
Ex-deputado vê deboche do Governo Lula
Cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-procurador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), concedeu entrevista nesta quinta-feira, 18 de maio, ao canal Jovem Pan; na ocasião, o político de direita acusou o Governo Lula (PT) de 'revanchismo'.
“Vivemos um governo de vingança, um governo que divide entre todas, todes, todos e daqui a pouco vai faltar letra o alfabeto. Um governo que divide o patrão contra o empregado, o agro contra o ambientalista, toda hora divide as pessoas em vez de unir”, afirmou Deltan.
Deltan sinalizou que a gestão do petista não teria 'feito nada' até o momento, destacando que a maior vitória conquistada pelo Governo foi a sua cassação.
“O governo não fez nada, a primeira grande vitória do governo foi ter me cassado. Não fizeram nada pelo país até agora, nada. E ainda fazem esse revanchismo, esnobismo, deboche comigo, com a minha cassação, com algo que é derrubar os votos dos eleitores, com o povo brasileiro”, completou.
Apesar das declarações do agora ex-deputado federal, é importante ressaltar que a cassação veio por decisão dos ministros do TSE, um outro Poder, e não pelo Executivo.
Dallagnol destacou na entrevista ao canal que não acredita que o Governo Lula chegue até 2026, classificando a cassação do seu mandato como um 'tiro no pé'.
“Podem tirar meu mandato, mas não vão tirar a minha voz. O que eu vejo é que na história, toda vez que tentaram silenciar foi um tiro no pé. E, se você quer saber o que eu acho dessa minha cassação, eu acho que eles estão dando um grande tiro no pé. Eles estão unindo a direita contra um projeto abusivo, um governo abusivo. E não acho que esse governo vá chegar a 2026. Nos moldes que esse governo anda, cheio de desmandos e sem realizar nada pelo povo, não acredito que chega a três anos. Antes disso vai ser derrubado pelo bem do nosso país”, concluiu.
Aliados de Lula debocham
O agora ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), cassado pela Justiça Eleitoral por unanimidade na noite da última terça-feira, 17 de maio, tornou-se o alvo preferencial dos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas horas. Deputados, senadores e até ministros citaram trechos bíblicos, e alguns optaram pelo deboche para comentar o caso.
"Agora Deltan Dallagnol tem um power point pra chamar de seu! Cassado! Responde a processos administrativos pendentes como procurador, ou seja, é ficha suja. Também foi condenado pelo TCU por gastos com diárias e passagens na operação Lava Jato. Eita que dia hein?!", explicitou a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffman.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) classificou Deltan como um 'moralista sem moral', comemorando efusivamente a decisão dos ministros da Corte Eleitoral.
"TSE em decisão unânime decide pela cassação de Dallagnol. Moralista sem moral! Grande Dia", indicou.
Por sua vez, o deputado André Janones (Avante-MG) foi além, desejando 'sorte' ao ex-procurador da Lava-Jato no exame da Ordem dos Advogados do Brasil.
Ele aproveitou e provocou o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), pontuando que ele será o próximo, tendo em vista que o ex-juiz também responde a uma ação na Justiça Eleitoral.
Te segura Sérgio Moro, porque você é o próximo! “Quando se faz justiça, o justo se alegra, mas os malfeitores se apavoram”. (Provérbios 21:15)
O senador Randolfe Rodrigues, um dos coordenadores da campanha do presidente Lula em 2022 citou trechos bíblicos.
"Quero trazer aqui dois trechos do Sermão das Bem Aventuranças (Mt 5, 3, 12), é para mim uma das passagens mais lindas do Evangelho pois lá Jesus resume a essência de sua boa nova. Ao fim desse dia dedico essas citações ao Presidente Lula".
Fabiano Contarato, senador do PT pelo Espírito Santo, foi categórico frisando que 'lugar de ficha suja, é fora do Congresso'. O parlamentar enalteceu a democracia.
"Lugar de ficha suja, de quem manipula o processo penal para perseguir adversários políticos, é fora do Congresso Nacional. Novamente, a Justiça Eleitoral demonstrou que ninguém está acima da lei, das instituições e da democracia", disse.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA) também fez uso de um trecho bíblico para comentar a cassação.
"Sobre julgamento realizado hoje no TSE, lembrei-me de um texto bíblico, que dedico ao presidente Lula: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!” Está em Mateus 5,6", sinalizou.
Como se deu a cassação?
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na quinta-feira, de forma unânime, por 7 a 0, cassar o registro de candidatura do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Essa decisão resulta na perda de seu mandato. Conforme a determinação, os votos recebidos por Dallagnol serão destinados ao seu partido. A decisão foi tomada por unanimidade, com todos os ministros seguindo a posição do relator, ministro Benedito Gonçalves.
Orelator considerou que Dallagnol pediu exoneração do cargo de procurador para evitar uma eventual punição administrativa, o que poderia torná-lo inelegível. O pedido de cassação foi apresentado pela Federação PT, PCdoB e PV, juntamente com o PMN. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) havia rejeitado a solicitação, mas os partidos recorreram ao TSE.
A Corte decidiu invalidar o registro de candidatura de Dallagnol, o que leva à perda de seu mandato na Câmara. O cumprimento da decisão deve ser imediato. O deputado federal Dallagnol ainda pode recorrer por meio de embargos ao próprio TSE e ao STF, mas já perde o mandato a partir de agora e os votos recebidos por ele serão contabilizados para seu partido.
Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, foi eleito o deputado mais votado do estado nas eleições de 2022, com 344.917 votos. Os ministros do TSE julgaram um recurso apresentado pela Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) no Paraná e pelo PMN, que chegou ao TSE no final de janeiro. O relator na corte é o ministro Benedito Gonçalves.
Os partidos questionaram a condição de elegibilidade de Dallagnol, argumentando, por exemplo, que ele estaria impedido pela Lei da Ficha Limpa, já que deixou a carreira de procurador com procedimentos administrativos pendentes no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Para o relator, o pedido de exoneração feito por Dallagnol com o intuito de deixar o Ministério Público Federal "teve o propósito claro e específico de burlar a incidência da inelegibilidade".
"O recorrido exonerou-se do cargo de procurador em 3 de novembro de 2021, com o propósito de frustrar a incidência da inelegibilidade. Essa manobra impediu que 15 procedimentos administrativos em trâmite no CNMP contra ele se convertessem em processos administrativos disciplinares, que poderiam resultar em pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo", afirmou o relator.