Continência, tumulto e homofobia: bolsonaristas atrapalham trabalhos da CPI

O presidente da comissão teve que chamar a atenção dos deputados opositores, mas foi ignorado

A comissão investiga os ataques antidemocráticos do 8 de janeiro | Sérgio Lima
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Os parlamentares da oposição, mais uma vez, criaram tumulto durante os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os financiadores, participantes e colaboradores que promoveram os ataques golpistas nos prédios do Três Poderes no 8 de janeiro. De forma coordenada, interromperam as perguntas dos parlamentares governistas ao tenente-coronel Mauro Cid, fizeram comentários irônicos e zombaram das questões, levando o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (Republicanos-BA), a repreender alguns deputados em mais de uma ocasião.

A sessão começou com uma cena inusitada: a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) parou na frente de Cid e prestou continência, mas o militar não retribuiu a saudação hierárquica diante de uma militar subalterna. A parlamentar é tenente da reserva do Exército e uma das devotas mais fervorosas do ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Durante a sessão, a relatora Eliziane Gama (PSD-MA) foi interrompida várias vezes pelos oposicionistas, que a acusaram de ameaçar Cid caso ele não colaborasse e mantivesse silêncio. Esse argumento também foi usado por vários bolsonaristas, que alegaram que os governistas estavam tentando fazer com que o militar falasse algo por meio de intimidação.

Desrespeito e insultos preconceituosos

Um dos parlamentares que se destacou nas provocações foi o deputado Abílio Brunini (PL-MT), que tem chamado a atenção por sua postura na CPMI. Enquanto o colega Rubens Pereira Júnior (PT-MA) dirigia perguntas a Cid, Brunini ficou filmando com seu celular. Ao perceber, o petista perguntou: "O que foi, está me achando bonito?" e tentou dar um tapa no aparelho do bolsonarista.

Brunini foi alertado pelo presidente da CPI por desrespeitar o ambiente e foi obrigado a parar a filmagem. No entanto, ele continuou rindo e fingindo não entender por que estava sendo repreendido.

Além desse momento constrangedor, Brunini protagonizou outro episódio durante o discurso da deputada Erika Hilton (PSol-SP) sobre o uso da farda por parte de Cid. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) interrompeu Erika para denunciar que o deputado bolsonarista fez uma fala "homofóbica" fora do microfone durante o pronunciamento.

"Aconselharia que o deputado procurasse tratar sua carência em outro espaço. Este espaço é sério, de trabalho", reagiu Érika.

"Ele [Brunini] disse que ela estava oferecendo serviços. Isso é homofobia", denunciou Carvalho, cujo comentário foi confirmado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). O senador pediu a retirada de Brunini da sessão.

Maia solicitou acesso às filmagens e alertou Brunini de que, se suas ações fossem confirmadas, haveria penalidades. "Se você falou, será possível identificar por leitura labial. Se você realmente agiu dessa forma, haverá uma penalidade contra você. A deputada Érika está aqui por vontade da população brasileira, assim como todos nós", disse Maia a Brunini.

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