Ciro Gomes propõe fim da reeleição e reformas em 6 meses de governo

O pré-candidato defendeu que o governo compre alimentos de produtores e garanta “renda mínima” para a população

Ciro Gomes em entrevista | Celso Tavares/g1
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O pré-candidato do PDT, Ciro Gomes foi o primeiro entrevistado do Podcast O Assunto, do g1, que  deu início nesta segunda-feira à série de entrevistas com os pré-candidatos à Presidência da República. 

Durante a entrevista, o ex-ministro afirmou que se eleito, abre mão da reeleição para presidente, irá propor reformas nos seis primeiros meses de um eventual governo e defendeu a criação de uma renda mínima como forma de combater a fome.

Questionado sobre como pretende, se eleito, pôr fim ao chamado "orçamento secreto" e lidar com a atual cúpula do Congresso Nacional, Ciro respondeu: "Primeiro gesto: abro mão da minha reeleição em troca da reforma do país."

Em seguida, ele acrescentou que usará os seis primeiros meses de um eventual governo para propor reformas ao Congresso Nacional.

"Vai ser uma reforma só, um pacote inteiro, onde vai estar ali tudo junto, uma reconstitucionalização do Brasil para acabar com essa barafunda institucional em que estamos navegando: Supremo fazendo política, Congresso executando orçamento, Executivo sendo testa de ferro de ladrão. Isso vai matar o Brasil", acrescentou.

Ciro afirmou ainda que fará um "grande pacto" com governadores e prefeitos. "Dando em troca para eles a libertação fiscal", declarou. Segundo ele, alguns estados estão "mortos".

Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência, em entrevista para Renata Lo Prete  — Foto: Celso Tavares/g1 

Combate à fome e renda mínima

Durante a entrevista, Ciro Gomes foi questionado sobre o que pretende fazer se eleito para combater a fome.

Ele defendeu que o governo compre alimentos de produtores e garanta "renda mínima" para a população. Acrescentou que o programa terá "porta de saída".

"Política social compensatória é imperativa num país onde a fome é verdadeira. Tem 42 mil pessoas nas ruas de São Paulo morando nesse frio, morrendo à noite", declarou.

Pesquisa divulgada na semana passada mostrou que mais de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil atualmente.

Política para a Amazônia

O presidenciável acrescentou que a Amazônia está "desprezada" e "abandonada". Ele disse que se eleito fará o zoneamento econômico da região.

"Nós precisamos nos assenhoriar da questão amazônica. Isso impõe outra ferramentaria, de institucionalidade. Ou seja, o que eu quero fazer: um zoneamento econômico, ecológico. Nesse caso aqui, o ordenamento não pode ser um gesto tecnocrático e macroscópico. Nós temos muitas unidades de conservação – tudo invadia –, nós temos muitas reservas indígenas – tudo ocupada por garimpo ilegal", declarou.

"Esse macrozoneamento não é o que eu estou propondo. Eu estou propondo no território uma coisa especializada que tem a ver com aqui pode e aqui não pode. E um grande programa de reconversão produtiva", acrescentou.

Combustíveis

Ciro Gomes foi questionado sobre como avalia a estratégia do Governo Federal para tentar frear o aumento dos preços dos combustíveis.

Ele disse que o governo pratica um "truque eleitoreiro criminoso" e está reduzindo a capacidade de estados investirem em saúde e em educação.

"O que o governo está propondo? Tirar dinheiro da saúde e da educação para financiar o lucro exorbitante e selvagem do acionista minoritário. Essa é uma grande canalhice e não é para resolver o problema", declarou.

Questionado, então, sobre qual é política de preços para a Petrobras que adotará se eleito,  Gomes respondeu que o custo levará em conta os gastos para produção e rentabilidade com o que o pré-candidato chamou de "melhores práticas internacionais", o que, segundo ele, corresponde a 7% do lucro.

Lula

Atrás de Lula e de Jair Bolsonaro nas pesquisas eleitorais, Ciro Gomes voltou a criticar os dois adversários.  Sobre o petista, Ciro disse que o pré-candidato do PT foi um "bom presidente", mas se "corrompeu".

"Lula foi um bom presidente. Não dá para desdizer [o que já disse anteriormente]. Ele foi um bom presidente, nas circunstâncias que governou o Brasil. Mas não tinha projeto de nada, não fez reforma institucional, não mudou absolutamente nada. Mas não posso classificar o Lula, senão me alieno. O Lula terminou com 86% de aprovação. Que ele foi um bom presidente, está de bom tamanho. Minha crítica é que o Lula se corrompeu organicamente e não dá para fazer de conta ele que não se corrompeu", declarou.

Bolsonaro

Sobre Bolsonaro, Ciro Gomes disse acreditar que o presidente da República tem o "delírio" tem tentar um golpe caso seja derrotado nas eleições deste ano, mas que uma eventual tentativa não teria base na sociedade civil, na comunidade internacional nem em grupos de comunicação.

"Vou resistir. Como? Na proporção necessária. Minha ferramenta é a minha palavra. Mas, se for necessário, desço na periferia e organizado a rapaziada", acrescentou.

Levantamento do instituto Datafolha divulgado em maio mostrou Ciro Gomes em terceiro lugar, com 7% das intenções de voto, atrás de Lula, com 48%, e de Jair Bolsonaro, com 27%.

Esta é a quarta tentativa de Ciro Gomes de chegar à Presidência da República. O ex-governador do Ceará também participou  esteve na disputa de 1998, 2002 e 2018, mas nunca chegou ao segundo turno.

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