O Itamaraty convocou, nesta segunda (27), o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos sobre o tratamento dado a brasileiros deportados. A convocação reflete a preocupação do governo brasileiro com as condições consideradas degradantes enfrentadas pelos repatriados, especialmente o uso de algemas durante o desembarque no país.
O que aconteceu
O episódio ocorreu na sexta (24), quando um voo fretado pelos EUA trouxe 88 brasileiros deportados. A aeronave, que deveria pousar em Belo Horizonte, precisou desviar para Manaus devido a uma falha no sistema de ar-condicionado. Ao chegar ao Brasil, os passageiros ainda estavam algemados, o que foi classificado pelo governo como “inaceitável” e “degradante”, além de violar tratados bilaterais.
Acordo
De acordo com a Polícia Federal, embora o uso de algemas seja uma prática comum nos Estados Unidos, é praxe que elas sejam retiradas antes do desembarque no Brasil. Fontes oficiais ressaltaram que os deportados não são prisioneiros e que o uso de algemas nessas circunstâncias fere tratados internacionais e normas constitucionais brasileiras.
Caso
Após o pouso em Manaus, o governo brasileiro decidiu não autorizar que a aeronave seguisse viagem para Belo Horizonte. Os deportados foram transferidos para a capital mineira em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), aumentando a tensão diplomática entre os dois países.
Tratamento digno
Em nota oficial, o Itamaraty afirmou que o uso indiscriminado de algemas e correntes por parte dos EUA desrespeita acordos que preveem tratamento digno e humano aos repatriados. O governo brasileiro também protestou contra a política de deportações em massa dos Estados Unidos, que contrasta com os métodos humanizados adotados pelo Brasil.
Como é no Brasil
Enquanto os EUA realizam deportações em grande escala, muitas vezes utilizando voos fretados e impondo medidas de contenção, o Brasil adota práticas mais restritivas e individualizadas. Em 2024, o país deportou apenas quatro estrangeiros e inadmitiu 8.799, conduzindo esses processos, em sua maioria, por meio de voos comerciais.
Interino
Gabriel Escobar, que assumiu interinamente a chefia da embaixada dos EUA em janeiro de 2025, está no centro dessa polêmica enquanto o presidente Donald Trump ainda não indica um novo embaixador para Brasília. O episódio reforça as diferenças nas políticas migratórias entre as duas nações e promete ser um tema delicado nas relações bilaterais.