O Brasil enfrenta o desafio de lidar com o desperdício de R$ 1,4 bilhão em vacinas contra a Covid-19, equivalente a mais de 39 milhões de doses que venceram sem serem utilizadas e precisaram ser incineradas. Esses dados revelam um problema que agora está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em busca de esclarecimentos sobre possíveis atos de improbidade administrativa.
A gestão inadequada, que culminou no descarte de cerca de 5% do total de vacinas adquiridas pelo país, está sendo atribuída, por especialistas, à administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As críticas se fundamentam na demora na compra e distribuição das doses, além da postura do ex-presidente, que promoveu desinformação sobre as vacinas e, inclusive, se recusou a se imunizar.
A CPI da Covid, que investigou as condutas do governo federal ao longo da pandemia, resultou no pedido de indiciamento de Bolsonaro por 9 crimes. O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), herdou o problema e, em 2023, a quantidade de vacinas vencidas aumentou, atingindo a expressiva cifra bilionária.
Especialistas em logística na saúde apontam que o índice de vacinas queimadas está acima do considerado aceitável, que é até 3%. A falta de campanhas eficazes de imunização, a desinformação disseminada durante a pandemia e problemas na logística de distribuição são apontados como fatores que contribuíram para o alto desperdício.
Responsabilização dos agentes políticos
A incineração de insumos médicos, agora sob investigação da PGR, levanta questionamentos sobre a responsabilidade dos agentes públicos envolvidos nesse processo. O ex-presidente Bolsonaro e os ex-ministros da Saúde, Eduardo Pazzuelo e Marcelo Queiroga, são citados, mas as respostas oficiais variam entre a falta de ingerência e a atribuição das compras às áreas técnicas da pasta.
A atual gestão do Ministério da Saúde, sob o governo de Lula, afirma ter herdado um estoque de mais de 157,9 milhões de itens de saúde a vencer, equivalente a R$ 1,2 bilhão, até julho. Alega também ter adotado medidas para evitar o desperdício, criando um comitê permanente para monitorar a situação e mitigar as perdas. A transparência e ações estratégicas são destacadas como iniciativas para enfrentar o desafio de gerir a validade dos insumos.
A investigação da PGR continua, e especialistas alertam que o alto custo do desperdício de vacinas não apenas representa um prejuízo financeiro significativo, mas também coloca em evidência falhas na gestão pública que precisam ser abordadas para garantir a eficácia e eficiência nos programas de imunização em futuras crises de saúde pública.
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