O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) demitiu o então secretário da Receita Federal José Tostes pouco mais de um mês após as joias de R$ 16,5 milhões, presente da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro, serem confiscadas no aeroporto de Guarulhos.
Julio Cesar Vieira Gomes, auditor fiscal de carreira e especialista em direito tributário, foi nomeado para o lugar de Tostes cinco dias depois. O novo gestor tentou fazer com que os fiscais do órgão liberassem as joias apreendidas, mas os planos fracassaram.
Ele até ganhou um cargo em Paris um dia depois de enviar ofício tentando recuperar os itens valiosos.
Gomes era próximo da família Bolsonaro e o decreto que fazia a mudança foi assinado pelo ex-presidente no dia 7 de dezembro de 2021, que informava que a demissão do ex-chefe da Receita ocorreu “a pedido”.
Antes da queda de Tostes, o governo tentou ao menos três vezes entrar com as joias ilegalmente no país. Além do episódio em que um assessor de Bento Albuquerque tentou entrar com as joias dentro de sua mochila, o próprio ex-ministro foi à área restrita para tentarpegar o pacote, alegando que seria um presente para Michelle Bolsonaro.
O ex-chefe da Receita também foi trocado por conta da nomeação em torno da indicação do corregedor do órgão, posto de interesse de Guedes, e por conta da pressão da família em razão das investigações da prática de “rachadinha” contra o senador Flávio Bolsonaro.