Com a invalidação do registro de candidatura do ex-procurador da Lava Jato, deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), a pressão sobre o ex-juiz da operação, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e agora senador, Sérgio Moro (União Brasil-PR), aumenta. Isso porque o parlamentar responde a um processo, no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), por possíveis práticas de abuso de poder econômico e caixa dois na eleição de 2022. O PL é a sigla responsável pelo pedido de cassação do mandato do parlamentar.
A atitude do partido se deu mesmo após o ex-juiz declarar publicamente seu apoio à reeleição de Bolsonaro. E, pelo que é demonstrado, a tendência é de que a legenda presidida por Valdemar da Costa Neto continue a ação de ampliar o número de apoiadores congressistas para que o pedido seja encaminhado ao Senado, assim como aconteceu na Câmara, com a anulação do mandato de Dallagnol.
De acordo com a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), apresentada em novembro pelo PL, o uso excessivo de poder econômico foi identificado, uma vez que o político promoveu a desproporcionalidade em seus gastos realizados como juiz em relação aos limites permitidos a outros candidatos que assumiram o posto.
A sigla afirma que Moro se beneficiou do financiamento direcionado ao Partido Podemos no período em que ele lançava sua pré-candidatura à Presidência da República, estratégia essa que garantiu a publicidade desalinhada quando comparada aos concorrentes. Em seguida, ainda segundo o PL, o senador se valeu da contribuição financeira do União Brasil para a campanha ao Senado. Na prestação de contas à Justiça Eleitoral, o ex-juiz declarou ter gastado R$ 5,1 milhões na campanha, valor que extrapola o limite de R$ 4,4 milhões estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Na denúncia por caixa dois, o partido bolsonarista afirma que, durante a pré-candidatura, o partido que hospedou Moro antes de sua migração ao União Brasil, o Podemos, firmou contratos que somam mais de R$ 8 bilhões com empresas de publicidade, pesquisa, consultoria e advocacia indicadas pelo próprio Senador. E observa que essas contratações possuem evidências das tentativas de esconder as doações recebidas e utilizadas na campanha ao Senado.
As solicitações provisórias de investigação, quebra de sigilos e coleta de provas foram recusadas pelo relator da ação - o desembargador do TRE-PR, Mário Helton Jorge. Ele declarou que caberia somente ao Ministério Público (MP) requerer a apuração de crimes de caixa dois.
A assessoria de Moro respondeu que a ação do PL não contém fundamento lógico. "A referente ação é baseada em relatos que não correspondem à realidade. O relator da ação no TRE, inclusive, indeferiu as liminares pretendidas pelo autor por falta de verossimilhança do alegado", declarou.