A venezuelana Julieta Hernández, de 40 anos, que foi morta no Amazonas, chegou a gravar um vídeo antes de morrer, pedalando pela Avenida Torquato Tapajós, em Manaus. Na gravação a turista relata alguns dos trajetos que já realizou pelo Brasil. A data em que as imagens foram gravadas não foi divulgada.
A bicicleta transportava uma variedade de itens, incluindo garrafas de água, mudas de plantas e objetos pessoais e artísticos pertencentes a Julieta. Na parte traseira, a bicicleta estava equipada com uma espécie de carretinha reboque, que carregava diversos pertences da mesma.
Julieta, era integrante do grupo de artistas e cicloviajantes "Pé Vermêi", perdeu contato com os membros da equipe há 14 dias, quando informou que estava a caminho de sua terra natal, a Venezuela. O desaparecimento ocorreu durante sua passagem pela cidade de Presidente Figueiredo.
Amigos da vítima relatam que Julieta residia no Brasil há oito anos e, vivendo de forma nômade, percorria diversos estados do país realizando apresentações circenses.
Na sexta-feira (5), partes da bicicleta que ela utilizava e o corpo de Julieta foram encontrados nas proximidades de um refúgio onde a artista estava hospedada. Ana Melo, amiga da artista, revelou ao G1 que Julieta estava no Brasil desde 2015 e fazia parte do grupo "Pé Vermêi". Durante suas pedaladas pelo país, os membros do grupo costumam informar sua localização antes de perderem o sinal de telefone e internet.
Nesse mesmo dia, um corpo foi localizado na área de mata de Presidente Figueiredo. No mesmo contexto, um casal, cujos nomes não foram divulgados, foi detido pela Polícia Civil, sob suspeita de envolvimento no crime. O corpo da artista e pedaços da bicicleta que ela utilizava foram descobertos nas proximidades do abrigo onde a mesma estava hospedada. O delegado Valdinei Silva revelou que os suspeitos admitiram o crime e, inicialmente, enfrentarão acusações de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Na delegacia, os dois detidos apresentaram versões discrepantes do ocorrido. A mulher confessou ter assassinado a venezuelana durante um acesso de ciúmes, ao testemunhar seu parceiro estuprando a vítima após roubar seus pertences. Por sua vez, o homem deu uma narrativa diferente às autoridades policiais. Segundo ele, a venezuelana e ele estavam sob o efeito de drogas quando a companheira, movida pelo ciúme, lançou álcool sobre ambos e ateou fogo.
A assessoria da Polícia Civil informou que uma coletiva de imprensa será realizada nesta segunda-feira (9) para fornecer mais detalhes sobre a investigação do caso.
Na noite do sábado (6), o Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) anunciou que o corpo descoberto na área de mata de Presidente Figueiredo pertencia a Julieta Hernández. O delegado da 37ª Delegacia de Polícia, Valdinei Silva, também confirmou essa informação ao G1.
A identificação foi efetuada por meio do procedimento de necropapiloscopia, realizado em colaboração entre peritos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Identificação do Amazonas.
Amigos de Julieta Hernández informaram ao G1 neste domingo (7) que a família da artista está a caminho da capital amazonense e deve chegar nos próximos dias.