O traficante Fabiano Atanásio da Silva, popularmente conhecido como FB, foi condenado nesta quarta-feira (21) a 225 anos de prisão. De acordo com o 3º Tribunal do Júri, ele é responsável por ordenar e comandar a invasão ao Morro dos Macacos, em Vila Isabel, resultando na derrubada do helicóptero da Polícia Militar e na mortes de 3 agentes da PM em 2009, na zona Norte do Rio de Janeiro.
Quase 14 anos depois, o julgamento de Fabiano durou quase 22 horas. Às 6h, com 20 horas de sessão, a defesa do acusado encerrou sua manifestação, e a juíza Tula Mello mandou o Conselho de Sentença se reunir. A sentença foi lida às 7h30. FB participou do julgamento por videoconferência, de dentro do presídio federal de Catanduvas (PR).
Conforme a decisão da Justiça, Fabiano está condenado por 3 homicídios, 6 tentativas de homicídio (3 sobreviventes do helicóptero e 3 agentes em terra) e associação para o tráfico.
“Foi uma ação nefasta que se assemelha a um ato terrorista. O abate, simbolicamente, representa o poderio bélico da facção criminosa. E atinge diretamente a população em geral. As imagens, por si só, causam danos inigualáveis”, disse a juíza Tula Mello na sentença.
“A cena da vítima saindo da aeronave como uma bola de fogo causa um impacto sem precedentes”, escreveu a magistrada, em relação a um vídeo inédito exibido na sessão.
No dia 17 de outubro, a Polícia Militar entrou na favela de Vila Isabel para intervir na guerra que havia começado, quando traficantes do Comando Vermelho atacaram a área, controlada pela facção Amigos dos Amigos (ADA).
O advogado de FB, Cláudio Dalledone, disse que vai recorrer da decisão. “Trata-se de um processo defeituoso. É tudo baseado em ‘ouvir dizer’. Manifestações contrárias ao que está nos autos.”
OUTROS ENVOLVIDOS JULGADOS
Em setembro de 2022, outros dois traficantes identificados como Magno Fernando Soeiro Tatagiba de Souza, o Magno da Mangueira, e Leandro Domingos Berçot, o Lacoste, foram condenados pelo mesmo crime, a saber: três homicídios qualificados e seis tentativas de homicídio, eles tiveram suas sentenças estipuladas em 193 anos, um mês e dez dias.
Em 2019, outro réu do mesmo processo, Luiz Carlos Santino da Rocha, o Playboy, foi condenado a 225 anos. Um quinto acusado, Michel Carmo de Carvalho, morreu antes de seu julgamento.
“Esperamos que essa sentença alivie um pouco a dor das pessoas que tanto sofreram com esse crime. Foi um ato contra a sociedade do Rio de Janeiro (...) A acusação não é de ser apenas o mandante. Ele fez a organização do ataque, e previa a morte de quem estivesse no caminho deles, traficante rival ou policial. Naquele momento do abate da aeronave não havia confronto entre as quadrilhas. Eles escolheram matar os policiais”, disse a juíza, que para ela, a pena de 225 anos a FB foi uma resposta à sociedade.
Durante o julgamento foi dado oportunidades para o responsável das investigações, que indagou passados 14 anos e jamais foi descoberto quem efetivamente fez os disparos que derrubaram a aeronave.
“Não afirmei que eu lembro que ele participou. Estou me baseando no relatório que fiz à época. Faz 14 anos. Não me recordo de detalhes. Mas foram informações de inteligência e através de depoimentos de PMs”, disse o delegado.
FB DIZ QUE SOFREU TENTATIVAS DE EXTORSÃO
Fabiano Atanásio da Silva estava preso em uma unidade federal desde 2012. Durante o julgamento de FB, que ocorreu por volta de 23h, exaltado, ele começou a atacar a polícia do Rio de Janeiro. FB citou nomes de policiais e classificou a polícia como “raça da pior espécie”.
“Eu fazia parte do tráfico da Vila Cruzeiro, mas nunca fui líder de nada. Isso tudo veio de polícia mau-caráter, corrupto. Nunca dei dinheiro para não botarem processo em cima de mim. Hoje eu só respondo a tantos crimes porque nunca dei dinheiro para eles. Nunca dei arrego”, disparou.