Quanto cobravam? Policiais civis são acusados de proteger traficantes em troca de propina

No total, a Justiça decretou a prisão preventiva de quatro pessoas envolvidas nesse esquema.

Viaturas da Polícia Federal duranta operação de busca e apreensão | Divulgação/PF
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

Uma força-tarefa composta pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público (MP) realizou nesta terça-feira (3) uma operação contra policiais civis de São Paulo, que estão sendo investigados por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo as autoridades, agentes da Polícia Civil teriam exigido R$ 800 mil de propina de traficantes de drogas para interromper as investigações sobre suas atividades criminosas em novembro de 2020.

No total, a Justiça decretou a prisão preventiva de quatro pessoas envolvidas nesse esquema. Na manhã de hoje, dois investigadores da Polícia Civil foram detidos em São Paulo e em Arujá, na região metropolitana. Outros dois mandados de prisão foram expedidos contra indivíduos que já estavam presos por outros crimes relacionados ao tráfico de drogas.

A "Operação Face Off" foi conduzida pela Força-Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco), em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. O objetivo da operação é combater crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro, praticados por narcotraficantes internacionais e policiais civis.

Além das prisões, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão em várias localidades do estado. A Justiça também determinou o "sequestro de bens imóveis e veículos, assim como o bloqueio de valores em contas bancárias das pessoas físicas e jurídicas envolvidas nas atividades ilícitas."

Como era o Esquema

As investigações revelaram que dois narcotraficantes, ligados a uma organização criminosa que enviava grandes carregamentos de cocaína para o exterior, principalmente para a Europa, pagaram R$ 800 mil em propina a investigadores da Polícia Civil em novembro de 2020, para que as investigações contra eles fossem interrompidas.

Conforme apurado, os policiais continuaram a receber pagamentos mensais até, pelo menos, o primeiro semestre de 2021. Esse suborno, intermediado por advogados dos traficantes, resultou no arquivamento de uma investigação conduzida pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), que estava investigando o envolvimento dos traficantes no tráfico internacional de drogas.

O inquérito também investiga crimes de lavagem de dinheiro cometidos pelos narcotraficantes, pelos policiais envolvidos e por pessoas a eles associadas. Entre os crimes investigados estão a ocultação e a dissimulação de bens e valores de origem ilícita, além de corrupção ativa e passiva, tráfico de drogas e crimes contra a economia popular.

A Justiça determinou o bloqueio de valores em contas bancárias até o limite de R$ 15 milhões. Veículos avaliados em R$ 2,1 milhões e imóveis estimados em R$ 8 milhões também serão apreendidos.

Atualmente, a Ficco é composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria da Segurança Pública (SSP), Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e Secretaria Nacional de Políticas Penais.

O nome da operação faz referência ao filme norte-americano de 1997, em que um policial e um criminoso "trocam de rosto."

Leia Mais
Carregue mais
Veja Também
Tópicos
SEÇÕES