O professor de jiu-jítsu Emanuel Adelino da Silva, condenado pelo estupro de uma aluna de 13 anos, recebeu autorização de uma juíza do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) para disputar o campeonato estadual do esporte, no Recife (PE). A decisão causou revolta e protestos da plateia presente no ginásio.
PRISÃO
Emanuel da Silva estava preso em regime fechado desde 19 de junho de 2023, no Presídio de Igarassu, por estuprar uma aluna em um carro numa praça, em 2021. Na época, ao menos duas vítimas relataram abusos. Segundo a Polícia Civil, ele aproveitava a posição de professor para cometer os crimes.
DECISÃO DA JUSTIÇA
A competição é promovida pela Federação de Jiu-Jítsu do Estado de Pernambuco (FJJPE) e aconteceu no sábado (27) e no domingo (28). Sob protestos, o faixa preta participou da primeira fase e foi vaiado pela torcida, que gritava "tarado". Na arquibancada, um grupo também levou uma faixa que dizia "Diga não à violência contra a mulher. Deixe nossas crianças em paz".
A decisão da juíza Orleide Roselia Silva ressalta que o esporte está entre as atividades que buscam a ressocialização de presos. "As artes marciais sempre moldam o caráter e desenvolvem fatores positivas na personalidade e do ser social. [...] A prática de esporte afasta a inércia e movimenta o cérebro para atividades nobres", diz o documento.
Na decisão, a magistrada também descarta a necessidade de monitoramento eletrônico do preso, e decreta que ele deve voltar ao presídio no final de cada dia da competição. Por meio de nota, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) afirmou que se manifestou contra a saída temporária de Emanuel e de outros presos, que não foram identificados, para participarem do evento.
EXPULSO DA FEDERAÇÃO
Em nota, a federação disse que repudia a prática de qualquer crime e que não convidou Emanuel para a competição, mas emitiu um ofício informativo para a diretoria do presídio, devido a um projeto de ressocialização de presos.
"O informativo tem data, local e horário das competições e [diz] quem são os presos filiados, em uma relação com vários nomes, para que as autoridades tenham conhecimento e os indivíduos possam requerer o que lhes couber perante os órgãos da administração pública e do Judiciário, sem qualquer participação da FJJPE", diz a nota.