A família de um adolescente de 15 anos morto durante uma operação da Polícia Militar na Favela Parque Arará, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro, acusa policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de assassinato. A Polícia Civil investiga a morte do jovem Elizeu Santos da Silva e informou que as armas dos policiais que participaram na operação já foram recolhidas para perícia no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). O caso foi registrado na 37ªDP (Ilha do Governador). A operação foi realizada na madrugada deste sábado (18).
A Polícia Militar entrou na favela com o objetivo de prender traficantes de drogas da região. Houve confronto com criminosos. Um suspeito morreu e outro foi preso. Os policiais apreenderam uma pistola .40, uma pistola 380, um carregador de .40, um carregador de 380, um carregador de fuzil AK47, 79 munições de 7.62, duas munições .40, seis munições de 380, um radiotransmissor, 12 cheirinhos da loló, 16 sacolés de maconha hidropônica, 115 sacolés de haxixe, 191 sacolés de maconha, 56 sacolés de crack, 402 sacolés de cocaína e um caderno de anotações do tráfico.
Segundo a PM, durante a operação, Elizeu foi encontrado ferido em uma viela da comunidade. Levado para o Hospital Geral de Bonsucesso com perfurações de bala no tórax, na cabeça, no punho e no ombro direitos, ele não resistiu e morreu.
A família do garoto contesta a versão da Polícia Militar, e afirma que ele foi assassinado pelos policiais militares do Bope. ?A minha esposa jogou a chave para ele (Elizeu), para ele entrar no condomínio. Aí, quando ela jogou, no que ele se abaixou para pegar a chave, atiraram no garoto, covardemente. Eles estavam escondidos debaixo da escada do condomínio. Eles ainda deram um tiro para cima da minha esposa para ela não ver o rosto deles. Foi a mão de Deus que a tirou?, afirmou um familiar.
Eliseu cursava a sexta série em uma escola em Benfica, onde era querido pelas mães de colegas. ?Era uma criança. Estudava tranquilo e não perturbava ninguém?, comentou uma senhora.
?Infelizmente, vou ter que entrar com uma ação contra o estado porque foi uma covardia. Uma das maiores covardias que eu já vi na minha vida. Minha família está arrasada. A comunidade também está arrasada porque foi uma brutalidade danada. Todo mundo sabia que ele era estudante?, afirmou o familiar.
A Polícia Militar lamentou a morte de Elizeu e informou que abriu um procedimento sumário para apurar todas as circunstâncias dessa operação do Bope. As armas usadas pela PM na operação foram recolhidas e vão passar por perícia. O corpo do adolescente vai ser enterrado neste domingo, às 11 horas, no Cemitério do Caju, na Zona Portuária.