Imagens do depoimento do policial militar Thiago Cesar de Lima, preso por agredir e matar a tiros a esposa, Erika Satelis Ferreira, foram divulgadas recentemente. Na ocasião, ele foi ouvido pela Justiça de São Paulo em uma audiência de custódia. A juíza Marcela Dias de Abreu Pinto Coelho, responsável por ouvir o depoimento do acusado, avaliou se ele sofreu alguma agressão quando detido pela PM.
O policial militar, ao não expressar quaisquer queixas durante sua detenção, levou a magistrada a seguir a recomendação do Ministério Público (MP). Em consequência, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva, possibilitando sua detenção por tempo indeterminado ou até que ocorra seu eventual julgamento por feminicídio. Atualmente, o soldado encontra-se no Presídio Militar Romão Gomes, localizado na Zona Norte.
A audiência judicial, registrada em uma gravação com duração um pouco superior a 3 minutos, incluiu o depoimento de Thiago perante a juíza, a promotora Fabiola Aparecida Cezarini e sua defesa, representada pelo advogado Hamilton Vale da Silva.
Em um dos questionamentos feito pela magistrada, Thiago precisou responder sobre seu estado civil, se era "solteiro ou casado". O soldado respondeu afirmativamente, declarando ser "casado". Em seguida, a juíza indagou se ele era viúvo, e ele confirmou a situação.
Em outro momento da audiência, a juíza Marcela quis esclarecer se o soldado da PM estava enfrentando algum processo criminal, e ele confirmou que sim, na esfera da Justiça Militar, relacionado à acusação de "abuso de autoridade". Segundo Thiago, durante uma abordagem policial, outro policial agrediu um rapaz, e por estar presente, também foi acusado.
Thiago também confirmou que uma de suas ex-esposas obteve uma medida protetiva concedida pela Justiça contra ele. Esta ex-esposa é mãe de um de seus dois filhos, um menino de 9 anos, que reside com ela. Thiago ficou proibido de se aproximar a menos de 100 metros da mulher.
Durante a audiência, a promotora Fabiola destacou que Thiago foi acusado pela ex-esposa de agressão, ameaças e estupro, crimes alegadamente cometidos em maio de 2022, em Franco da Rocha, região metropolitana. O G1 apurou que essas acusações foram registradas pela vítima, resultando em um boletim de ocorrência. Entretanto, em março de 2023, o caso foi arquivado e extinto pela Justiça.
Com base na representação do Ministério Público, a promotora considerou que o histórico do caso anterior envolvendo a ex-mulher, juntamente com a nova acusação de assassinato contra a atual esposa, justifica a decisão de manter Thiago sob custódia.
"Trata-se de crime gravíssimo, com grande repercussão social", disse a promotora Fabiola. "Razão pela qual entendo que se faz necessária a decretação de sua prisão preventiva para garantia da ordem pública, evitando-se, assim, que volte a cometer crimes em contexto de violência doméstica".
O advogado Hamilton Vale da Silva, responsável pela defesa do soldado, expressou discordância em relação ao Ministério Público (MP) e solicitou à magistrada que não determinasse a prisão preventiva de seu cliente. Ele argumentou que, "em virtude da ordem pública, o acusado não se caracteriza como um criminoso habitual".