Uma nova operação da Polícia Federal (PF) visa quatro policiais civis, incluindo um delegado, que são acusados de desviar uma apreensão e de vender 280 quilos de cocaína. Nesta sexta-feira(20), estão sendo cumpridos oito mandados de busca e apreensão na capital e em Araruama, como parte da operação Déjà Vu, expressão francesa utilizada quando se tem a sensação de já ter vivenciado uma situação que está ocorrendo no presente.
Dois locais foram alvo da operação: a 33ª Delegacia de Polícia (Realengo) e uma residência em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde reside um policial civil. Durante a operação, foram encontrados mais de R$ 43 mil em dinheiro na casa. Na quinta-feira, a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio realizaram a operação Drake, que resultou na prisão de quatro policiais civis e de um advogado, todos acusados de tráfico de drogas. A operação envolvia um total de 16 toneladas de maconha.
A investigação que resultou na operação desta sexta-feira é uma extensão da ação da Polícia Federal realizada em fevereiro do ano passado, voltada para desmantelar uma organização criminosa envolvida no tráfico internacional de drogas. Embora não tenham sido emitidos mandados de prisão, a Justiça ordenou o afastamento dos policiais de suas funções e determinou que eles sejam monitorados por tornozeleiras eletrônicas.
Os alvos desta operação são quatro agentes que, conforme as investigações indicam, desviaram parte de uma apreensão de cocaína e a venderam enquanto estavam lotados na 25ª Delegacia de Polícia (Engenho de Dentro). Esta ação de hoje é um desdobramento da operação Turfe, iniciada pela Polícia Federal em 15 de fevereiro de 2022, visando desmantelar uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas.
No ano de 2020, agentes federais estavam envolvidos na monitorização e acompanhamento de uma carga de cocaína destinada à exportação por meio de um contêiner. Segundo a corporação, as equipes possuíam "informações precisas sobre a quantidade exata da substância contida no caminhão", que seria transportado por um criminoso até o Porto do Rio. A droga, totalizando 500 kg, estava dividida em 17 malas, que seriam apreendidas no porto estrangeiro, seu destino final.
Durante o monitoramento conduzido pela PF, em dezembro de 2020, uma equipe da 25ª Delegacia de Polícia abordou o caminhão que transportava a droga na saída da comunidade da Maré. O motorista foi preso em flagrante. No entanto, os policiais civis apresentaram apenas sete das 17 malas, equivalendo a aproximadamente 220 kg de cocaína. As restantes dez malas, contendo 280 kg do entorpecente, não foram entregues.
As investigações estão focadas nos crimes de tráfico de drogas, peculato e organização criminosa cometidos pelos agentes envolvidos. Além disso, foi ordenado o sequestro de bens no valor de R$ 5 milhões. Os mandados de busca e apreensão foram emitidos pela 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
A operação envolve equipes do Grupo de Investigações Sensíveis da PF (GISE/RJ) e da Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF/RJ), em colaboração com o Ministério Público Federal e a participação da Receita Federal. A Corregedoria da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro acompanhou a execução dos mandados.