
Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, confessou à polícia ser a autora do assassinato da adolescente Emilly Azevedo Sena, de 16 anos, que estava grávida de nove meses. Segundo a suspeita, o crime foi motivado pelo desejo de ficar com o bebê, após ter sofrido dois abortos consecutivos. Ela afirmou ter agido sozinha e isentou o marido e outros dois homens inicialmente detidos.
A informação foi confirmada pelo delegado Caio Albuquerque durante uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (14), em Cuiabá.
A recém-nascida sobreviveu ao crime. Após retirar o bebê da barriga de Emilly, Nataly tentou registrá-la como sua filha em um hospital da capital. No entanto, o comportamento da mulher levantou suspeitas na equipe médica, que acionou a polícia. Ela foi presa no local, e a família da vítima foi localizada.
ACUSADA NÃO DEMONSTROU ARREPENDIMENTO
Ainda segundo o delegado, Nataly descreveu o crime com riqueza de detalhes e, durante o depoimento, não demonstrou arrependimento. Ela será apresentada em audiência de custódia e deve responder por homicídio triplamente qualificado.
O marido da suspeita, Christian Albino Cebalho de Arruda, de 28 anos, também chegou a ser preso após comparecer ao hospital tentando registrar a recém-nascida como filha do casal. Segundo a polícia, ele foi avisado por Nataly sobre o suposto nascimento da criança. Após prestar depoimento, ele foi liberado.
A defesa de Nataly confirmou que ela sofreu um aborto em outubro do ano passado, mas escondeu a perda da família. Desde então, seguiu simulando a gravidez, inclusive participando de grupos de mães nas redes sociais e publicando fotos com suposta barriga de gestante. “Ela teria perdido um bebê há cerca de seis meses. Como essa seria a segunda perda gestacional, decidiu manter a falsa gravidez sem que o marido soubesse. Pelos cálculos, o parto dessa criança perdida estaria previsto para esse período”, informou a defesa.
De acordo com o perito criminal Jacques Trevizan, Emilly foi encontrada com um corte em formato de “T” no abdômen e ainda estava viva quando o bebê foi retirado. A adolescente foi sufocada com sacolas plásticas e morreu em decorrência da perda excessiva de sangue.
A diretora metropolitana de Medicina Legal, Alessandra Carvalho Mariano, destacou que o corte feito no corpo da vítima foi extremamente preciso, demonstrando conhecimento técnico. Nataly se apresentava nas redes sociais como bombeira civil e socorrista. “O corte foi certeiro no útero, preservando inclusive as camadas. Ela não hesitou”, afirmou. A polícia também solicitou exames de DNA nos outros três filhos de Nataly para confirmar se são biologicamente dela.
Como o crime aconteceu
Segundo relato da mãe de Emilly, Ana Paula Meridiane, a adolescente conversava com Nataly pelas redes sociais. A suspeita dizia ser mãe de dois meninos e estar esperando uma menina, motivo pelo qual teria roupas e acessórios de bebê para doar. Ela chegou a oferecer um protetor de berço e enviou sua localização para que Emilly buscasse os itens.
Após sair de casa, a jovem desapareceu e não foi mais vista. O corpo foi encontrado em uma cova rasa, com sinais de estrangulamento com fios de internet e cortes no abdômen. A polícia identificou que Emilly ainda tentou se defender, mas não resistiu.
ACUSADA FEZ CHÁ REVELAÇÃO
Chá revelação, supostas ultrassonografias e vídeos exibindo um “barrigão” foram divulgados nas redes sociais de Nataly Helen Martins. Ela publicava com frequência vídeos e fotos compartilhando as etapas da sua gravidez. A última, publicada em fevereiro, Nataly não estava mais grávida.