A Justiça de São Paulo revogou, na tarde desta quarta-feira (12), a prisão de Felipe Xavier Santiago, torcedor do Flamengo suspeito de ter atirado uma garrafa e assassinado a torcedora do Palmeiras, Gabriela Anelli. Santiago foi preso e indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso consumado.
No dia 8 de julho deste ano, Gabriela estava na fila aguardando o jogo entre Flamengo e Palmeiras no Allianz Parque, em São Paulo, quando houve uma discussão e ela foi atingida com uma garrafa. Na segunda-feira (10), a torcedora não resistiu e morreu. De acordo com o promotor Rogério Leão Zagallo, as provas não cravam que Santiago jogou a garrafa de vidro que atingiu o pescoço e matou Gabriela.
"Ao contrário do noticiado e afirmado pelo delegado de polícia, o autuado não confessou ter arremessado a garrafa contra os torcedores do time adversário. [...] Em seu interrogatório negou que tivesse jogado qualquer objeto de vidro contra os torcedores palmeirenses, afirmado que tinha pedras de gelo nas mãos, as quais arremessou em revide a rojões que os palmeirenses teriam jogado contra os flamenguistas", justificou a magistrada Marcela Raia de Sant’Anna, da 5ª Vara do Júri.
Na manhã de hoje, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) havia pedido a liberdade de Felipe Xavier Santiago. Além dele, a Polícia Civil investiga ao menos 10 pessoas que jogaram garrafas na confusão entre torcedores que terminou com a morte da palmeirense.
A polícia tem uma ferramenta de investigação de reconhecimento facial, que está auxiliando na identificação dos demais envolvidos. Dentre estes, há um homem de barba, com camiseta branca, que também foi flagrado em um dos vídeos atirando o objeto contra Gabriela, fato este pontuado pela magistrada.
"A pessoa que arremessou a garrafa contra os torcedores palmeirenses trata-se de um homem que possui barba, sendo, portanto, fisicamente diferente do autuado, além de vestir camisa clara, diversa da camisa do time do Flamengo que o autuado vestia quando foi preso (...) Tudo indica que a garrafa foi arremessada por outra pessoa que não o autuado, o que enseja a imediata revogação de sua prisão preventiva, com o prosseguimento das investigações para que o verdadeiro autor seja identificado, bem como para que eventual participação do autuado seja apurada”, diz o trecho da justificação da magistrada.
Ainda na decisão, a Justiça lamenta a postura utilizada pelo delegado que está conduzindo as investigações. De acordo com o promotor, ele alega que a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) perdeu a credibilidade para seguir à frente do caso. Ele ainda solicitou que a investigação seja repassada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
"Diante da lamentável, para dizer o mínimo, postura do delegado de polícia, que se mostrou açodado e despreparado para conduzir as investigações, de rigor é a remessa dos autos ao DHPP, órgão especializado e preparado para a condução de investigações desta espécie", destacou Marcela.