O julgamento do cirurgião Farah Jorge Farah, que confessou ter matado e esquartejado sua suposta amante Maria do Carmo Alves em 2003, foi adiado pela quinta vez. Marcado para começar nesta segunda-feira, o júri foi transferido para o dia 12 de maio.
O adiamento foi um pedido da defesa de Farah, que conversou com o juiz responsável pelo caso na última quinta-feira. O Tribunal de Justiça de São Paulo, no entanto, ainda não informou os motivos do adiamento.
"O Ministério Público e a defesa arrolaram oito testemunhas cada um, mas na sexta-feira antes do Carnaval cinco testemunhas de defesa não tinham sido intimadas ainda. Fizemos uma petição ao juiz para que, em vez de instalar a sessão na segunda-feira (hoje) para decidir pelo adiamento, adiar a sessão automaticamente", afirmou o advogado na semana passada.
Segundo Antun, o juiz decidiu instalar a sessão de hoje apenas já intimar as testemunhas presentes para a nova data. "Formalmente a data (de hoje) está mantida, mas só para intimar as testemunhas. Foi um acordo verbal que fizemos. O Farah inclusive foi liberado pelo juiz de comparecer à sessão", disse o defensor.
O crime
Condenado em 2008 a 13 anos de prisão, Farah será julgado novamente depois que o Tribunal de Justiça de São Paulo acatou pedido de sua defesa, em janeiro do ano passado, alegando que laudos oficiais que atestavam o estado semi-imputável do réu na época do crime foram ignorados pelos jurados. De acordo com a tese da defesa, no momento do crime o cirurgião não tinha compreensão total de sua conduta. Réu confesso do crime, o cirurgião não nega ter assassinado Maria. Sua defesa, porém, diz que, em março de 2002, a vítima ligou 3.708 vezes para o cirurgião, o que o teria efeito agir sob pressão. A defesa de Farah disse também que a mulher o ameaçava e, no dia do crime, o teria atacado com uma faca.
A defesa sustentou que Farah não premeditou o crime e que ele foi perseguido durante cinco anos pela vítima. Durante o julgamento, o acusado disse que se lembra apenas de uma luta corporal com a vítima.
Após a briga, Maria do Carmo teria sido esfaqueada no pescoço e, com o ferimento, morrido dentro do próprio consultório. Farah então teria deixado o local, ido para o seu apartamento, e voltado quatro horas depois.
Utilizando os seus conhecimentos de médico e instrumentos cirúrgicos do próprio consultório, ele teria dissecado o corpo da mulher, retirando o sangue e seus órgãos vitais. Em seguida, teria cortado o corpo de Maria do Carmo em nove pedaços. Os relatos mostram também que ele retirou a pele das pontas dos dedos da mulher e destruiu as partes que pudessem levar a uma identificação.
A mulher foi morta e esquartejada no consultório do ex-cirurgião em Santana, na zona norte de São Paulo. O crime ocorreu em 24 de janeiro de 2003, mas partes do corpo de Maria do Carmo só foram achadas pela polícia três dias depois.
Farah ficou preso por quatro anos até que, em maio de 2007, a Justiça o autorizou a esperar pelo julgamento em liberdade. Desde 2006, o cirurgião está proibido pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) de exercer a profissão.