Hospital é investigado por cobrar caução para internar garoto de 2 anos

Pai diz que filho com suspeita de pneumonia não foi atendido, em Goiânia. Dono da unidade de saúde alegou à polícia que caso não era emergência

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A Polícia Civil está investigando o Hospital Lúcio Rebelo, em Goiânia, por, supostamente, ter cobrado um cheque-caução no valor de R$ 10 mil para internar uma criança de 2 anos, que estava com suspeita de pneumonia. Para registrar a denúncia na polícia, o pai se baseou no fato de que uma unidade de saúde, por lei, não pode fazer tal cobrança em casos de emergência.

O fato aconteceu no último dia 5 de março e virou um caso de polícia. O dono do hospital, Percival Xavier Rebelo, prestou depoimento no 8º Distrito Policial de Goiânia, nesta sexta-feira (15), e negou que o caso tenha se tratado de um atendimento de emergência. "Emergência são sofrimentos profundos, e urgência são sofrimentos que causa risco iminente de morte. A prova que não era emergência é que a criança está em casa", argumentou Rebelo.

O pai do garoto, Eduardo Alves de Oliveira, contou que o filho apresentou sintomas de pneumonia e o levou para ser internado. No entanto, o hospital recusou o atendimento alegando que o Ipasgo, plano de saúde da família, não havia liberado o procedimento porque o contrato ainda estava em período de carência.

"Foi aí que veio essa exigência do cheque-caução. Eu fiquei apavorado, sem saber o que fazer, preocupado com a vida e a saúde do meu filho. Não sei nem como falar, é muito constrangedor", disse o pai, emocionado.

Eduardo diz que, como não tinha cheque, precisou buscar atendimento em outro hospital. A criança foi atendida no Hospital Materno Infantil e, de lá, encaminhada para um hospital público, onde ficou internada por três dias.

O presidente do plano de saúde também foi à delegacia para dar esclarecimentos. De acordo com Francisco Taveira Neto, o órgão não recebeu nenhum pedido de internação neste dia e que neste tipo de procedimento de emergência, o paciente teria de ter sido internado de qualquer forma.

"Não houve, em momento algum, qualquer negativa do Ipasgo para qualquer procedimento de urgência e emergência para a criança. Nesses dois casos, não há carência", alega o diretor, explicando que esse prazo só existe para procedimentos eletivos e de doenças pré-existentes.

Investigação

O delegado responsável pelo caso, Waldir Soares, diz que tem provas e depoimentos suficientes para indiciar tanto a chefe clínica da internação como também o proprietário do hospital pela conduta de exigir o cheque-caução.

O delegado afirmou que recebeu com "estranheza" um documento do presidente do Ipasgo. No papel, com a data de quinta-feira (14), o Hospital Lúcio Rebelo solicitou tratamento clínico do paciente como se ele estivesse internado.

"Isso pode até configurar um crime mais grave, pois estavam solicitando o pagamento por um serviço que não foi prestado", explica Waldir Soares.

O delegado afirma que deve concluir as investigações até a semana que vem. Para isso, segundo ele, basta apenas ouvir mais alguns médicos.

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