O irmão de um homem que, no último domingo (7), tentou agredir e matar a esposa, com golpes de cabo de vassoura na cabeça, no Distrito Federal, debochou da tentativa de feminicídio ao utilizar a imagem do delegado-chefe da 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), onde o caso está sob investigação.
Na imagem publicada ele usou como legenda a seguinte frase “Chupa pra quem achou que meu irmão ia preso. Lembra que ele tem irmão e o sangue corre nas veias”, escreveu o homem identificado como Gilberto. A foto foi publicada em um status do WhatsApp e foi amplamente compartilhada entre moradores da região.
Gilberto é irmão de Ronildo Bispo da Gama, pintor de 41 anos, agrediu brutalmente sua esposa com golpes de cabo de vassoura, vizinhos intervieram para evitar o feminicídio, o que levou o agressor a escapar. Ronildo compareceu à 27ª Delegacia de Polícia acompanhado de seu irmão e dos advogados. Ele não foi detido, pois o prazo para a prisão em flagrante expirou e não há mandado de prisão preventiva em seu desfavor.
Após compartilhar a foto ao lado do delegado, Gilberto postou uma imagem com seu próprio irmão e mais dois indivíduos, também em frente à 27ª DP. Em seguida, compartilhou uma foto no Instituto de Medicina Legal (IML), acompanhada de uma legenda na qual zomba dos casos de violência contra as mulheres: "Achando que só mulheres vão para o IML?".
"Havia muito sangue. Ele repetia insistentemente que ia me matar. Eu comecei a gritar, e ele quebrou um vidro sobre mim. Desmaiei e não me recordo do que aconteceu depois", relatou.
Após ser socorrida pelos vizinhos, a mulher foi encaminhada ao Hospital Regional do Gama (HRG), onde a equipe médica imobilizou sua perna e realizou curativos na cabeça.
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher do Recanto das Emas concedeu medidas protetivas de urgência em favor da vítima. Ronildo foi obrigado a se distanciar da residência compartilhada com sua esposa e os quatro filhos do casal, embora seja permitido que leve consigo bens estritamente pessoais, como roupas e documentos.
A Justiça do Distrito Federal também determinou que ele mantenha uma distância mínima de 300 metros da vítima e proibiu qualquer tipo de contato por meio de comunicação. Na última quinta-feira (11/1), essas medidas protetivas foram mantidas.
Entretanto, o Juizado negou o pedido de separação de corpos solicitado pela vítima. A separação de corpos é uma autorização judicial para deixar a residência conjugal, marcando o término do relacionamento matrimonial e dos efeitos patrimoniais do casamento.
Na decisão proferida nesta quinta-feira, a juíza Cristiana Torres Gonzaga afirmou que, "apesar de a vítima ter solicitado a medida de separação de corpos, tal requerimento não se mostra compatível com a descrição dos acontecimentos, sendo necessário obter esclarecimentos mais detalhados quanto à intenção da ofendida. Isso poderá ser melhor compreendido após a oferta de orientação jurídica."
O delegado-chefe da 27ª DP, Fernando Fernandes, informou à coluna que não possui conhecimento das pessoas mencionadas e que é comum as pessoas o abordarem na entrada da delegacia para solicitar fotografias. Vale ressaltar que o delegado foi deputado distrital entre 2019 e 2022.