O ex-policial militar Elias Gonçalves, acusado de matar em 2008 o menino João Roberto Soares, foi absolvido na noite desta quinta-feira (24), em julgamento no 2º Tribunal do Júri, no Centro do Rio de Janeiro. Ainda cabe recurso à acusação. Durante a audiência, Elias se declarou inocente. Ele afirmou que fez apenas um disparo para o chão na noite da morte do menino. E acusou o outro ex-PM que estava na viatura de ter efetuado os disparos que matou a criança.
Em 11 de dezembro de 2008, o outro ex-PM, o primeiro a ser julgado, foi condenado a sete meses de detenção, em regime inicial aberto. Mas ele teve a pena suspensa pelo prazo de dois anos e teria de prestar serviços à comunidade durante um ano. O Ministério Público recorreu e a sentença foi anulada em 2009. A 7ª Câmara Criminal determinou que o acusado fosse levado a novo julgamento pelo Tribunal do Júri, mas a data ainda não foi marcada, informou o TJ.
A decisão desta quinta-feira foi dada pelo júri popular, em sessão iniciada nesta tarde, e lida pelo juiz Jorge Luiz Le Cocq D"Oliveira, do 2º Tribunal do Júri, por volta das 21h50. Os pais de João Roberto deixaram o local antes do resultado.
João Roberto foi morto a tiros dentro do carro em que estava com a mãe, a advogada Alessandra Amorim Soares, e o irmão dele Vinícius, então com 9 meses, na Tijuca, na Zona Norte. A Promotoria diz que policiais militares deram os disparos que vieram a matar o garoto. Na época, policiais disseram que estavam atrás de supostos criminosos quando atiraram.
Para o defensor público Marcelo Machado Fonseca, as provas apresentadas durante a defesa foram determinantes para a decisão do júri. Durante a tréplica, o defensor exibiu, por diversas vezes, as imagens gravadas pelo circuito interno de segurança de prédios vizinho ao local do crime. Segundo ele, o vídeo mostra que o ex-PM não atirou contra o veículo da vítima.
"A Defensoria Pública exibiu todas as provas existentes nos autos e o júri se convenceu de que o Elias era inocente. Foi um conjunto de provas. Os laudos periciais, os exames, as provas técnicas e os documentos existentes nos autos, todos compravaram que o Elias, que portava apenas uma pistola, não efetuou disparos de armas de fogo contra o carro de dona Alessandra", disse.
Há ainda a alegação de que o menino João Roberto morreu com três fragmentos de projétil. O defensor alegou, ainda, que projétil de pistola não fragmenta, apenas o de fuzil, arma carregada pelo outro PM: "A perícia constatou que o que causou a morte do pequeno João Roberto foram fragmentos de munição de fuzil e era um fato em controverso que o acusado Elias só portava uma pistola e, pelo conjunto de provas, o júri se convenceu de que ele era inocente", disse.
Elias foi acusado por homicidio qualificado e duas tentativas de homicídio qualificado.