Em depoimento na sede Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira, 10, em Brasília, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques afirmou que a finalidade das blitze realizadas durante o dia do segundo turno das eleições presidenciais de 2022 era coibir a compra de votos. Durante seu depoimento, ele chegou a negar que a intenção não foi impedir os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a comparecer aos locais de votação.
Essa foi a mesma versão apresentada durante depoimento à CPMI dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional, quando declarou que as blitze não tinham cunho eleitoral. À Comissão, ele depôs antes da efetivação da prisão.
Conduzido em uma viatura da própria Polícia Federal, Silvinei Vasques chegou ao edifício-sede da corporação, na região central de Brasília, perto das 14h. Suspeito de ter mobilizado a estrutura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir que os eleitores do atual presidente pudessem chegar aos locais de votação, ele foi preso na quarta-feira, 9, durante operação da PF.
No dia do segundo turno da eleição, as blitze foram concentradas nas regiões Norte e Nordeste, que eram os locais onde, segundo pesquisas, o atual presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva tinha mais votos. Um dia antes da eleição, 29 de outubro de 2022, Silvinei, então diretor-geral da PRF, tinha declarado voto em Bolsonaro.
Durante o seu depoimento nesta quinta, Silvinei passou mal, apresentou uma queda de pressão e foi atendido. Depois de se recuperar, voltou a prestar informações aos investigadores. Depois do depoimento, a defesa de Silvinei afirmou não ter havido contradição no depoimento do ex-diretor da PRF.
"O responsável por essa operação envolvendo eleição foi o Ministério da Justiça. PRF é subordinada, então tem que obedecer, né. Mas não houve nenhum pedido no sentido de cometer alguma infração ou perseguir um viés político ou outro, nada disso", afirmou.
O subprocurador-geral do Ministério Público, Lucas Rocha Furtado, em virtude da prisão preventiva de Silvinei, pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU), nesta quinta-feira, 11, que seja avaliada a legalidade da concessão de aposentadoria ao ex-diretor-geral da PRF, alegando que há “indícios de irregularidades na referida concessão” do benefício, pois “o servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade”.
Silvinei Vasques é alvo de três processos administrativos em razão da suposta interferência no segundo turno das eleições de 2022 e da apuração criminal que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) e que serviu de base para a Operação Constituição Cidadã.