Criança amarrada por fazer xixi: Justiça decreta prisão de donos de escola

Ao menos 12 pais e mães, além de duas professoras, já prestaram depoimento. A denunciante relatou as punições, humilhações e agressões impostas aos alunos.

Após a primeira denúncia, outras situações semelhantes vieram à tona | Reprodução
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A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária dos donos da escola particular Pequiá, após várias denúncias de maus-tratos em alunos dentro da Unidade de ensino. O caso mais recente trata-se de uma criança sendo humilhada na frente dos colegas por ter feito xixi nas roupas.

O delegado Fábio Daré, responsável pela investigação, afirmou que os registros de flagrante mostram "situações vexatórias". Segundo ele, além das imagens, os relatos parecidos em todos os depoimentos foram decisivos para a investigação. Sendo assim, a Justiça acatou o pedido de prisão por 30 dias, além de mandados de busca e apreensão em seus endereços.

"A princípio [a investigação] foi [aberta] por maus-tratos e submeter criança a situação vexatória. Mas pelos relatos, pela gravidade dos relatos, eu incluí a tortura. Por alguns indícios que eu tinha das oitivas. As filmagens são tristes, revoltantes e isso causou muita revolta na gente, nas mães, nos pais", disse o delegado ao G1.

Ainda segundo o delegado, o caso corre em sigilo por envolver menores de idade. De acordo com Fábio Daré, se porventura os donos da escola, Andrea Carvalho Alves Moreira e Eduardo Mori Kawano, não forem localizados ainda hoje, serão considerados foragidos da Justiça. 

Ao menos 12 pais e mães, além de duas professoras, já prestaram depoimento. Os casos de maus-tratos foram descobertos por uma das professoras que, depois de testemunhar as humilhações, conseguiu esconder o celular e gravar. Uma foto recente mostra um menino amarrado pela blusa em um poste. Em outro caso, uma mulher grita para que uma aluna de um ano e meio guarde os brinquedos.

"Fiquei horrorizada. Chorei, chorei, não podia acreditar. Não dava para acreditar que estava acontecendo isso", disse Carina Pereira, a mãe de uma aluna.

Outro país, Ivan Luís Prior Pecchi e Tania Cellia Regis Recchi, também procuraram a delegacia, alegando que o filho deles, de 5 anos, estava matriculado desde os 11 meses, e os donos da escola tentavam impedir o contato entre pais e professores.

"Faziam de tudo para gente não ter acesso, para não trocar informações. E com os professores era a mesma coisa. A gente não podia ter acesso a nenhum professor”, relata a família do aluno.

Procurada pela reportagem, a professora que denunciou os empresários detalhou às investigações, que as cenas de horror não são nem a metade do que os donos faziam contra as crianças. No boletim de ocorrência, ela relatou punições, humilhações e agressões impostas aos alunos quando algo não acontecia como esperado pelos donos. 

"As fotos e os vídeos que a gente tem não é nem metade das coisas que eles faziam. Eles gritavam muito com as crianças, tinham até o quarto escuro, que muitas crianças falam e era praticamente um quarto de castigo", disse a professora Anny Garcia Junqueira, que fez a denúncia.

A reportagem também procurou a Defesa dos donos da escola. Segundo ela, ainda não teve acesso ao inquérito e que, por enquanto, pode esclarecer que os donos da escola negam veementemente as acusações e são totalmente inocentes.

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