Antes de ser executado no Aeroporto Internacional de São Paulo, Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, empresário e delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), estava sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar (PM) de São Paulo. O órgão instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar o suposto envolvimento dos policiais que faziam sua segurança com a facção criminosa. Após o assassinato, os corregedores retomaram as investigações, especialmente após apreender os celulares dos PMs que trabalhavam para ele.
Corregedoria
No depoimento à Corregedoria, um dos seguranças, o soldado Samuel Tillvitz da Luz, relatou que já prestava serviços a Gritzbach há cerca de um ano. Na sexta-feira, dia da execução, ele chegou a contatar a equipe em terra antes do pouso do empresário e recebeu confirmação de que a área estava segura. Contudo, no momento dos disparos, Samuel se escondeu e deixou o local a pé, justificando que estava em desvantagem e priorizou a própria segurança.
Escolta
A investigação também revelou que esses PMs teriam sido indicados para o serviço de escolta por meio de um tenente, apesar de a prática ser proibida pelo regulamento disciplinar da PM. O próprio soldado Samuel e outros PMs, como Leandro Ortiz e Adolfo Chagas, confirmaram em depoimentos que foram convidados pelo tenente Garcia a realizarem a segurança particular para o empresário. Alguns policiais, inclusive, afirmaram ter aceitado o "bico" devido à sua situação financeira precária.
Versão
Durante o deslocamento para o aeroporto, os seguranças enfrentaram problemas: um dos veículos usados pela equipe teve problemas de ignição, e o outro precisou retornar para o posto onde estavam, a fim de liberar espaço no carro para Gritzbach e sua namorada. No entanto, a Polícia Civil desconfia dessa versão, considerando a hipótese de que a escolta teria falhado de propósito, indicando o momento exato do desembarque do empresário.
Afastamento
No sábado, quatro dos policiais envolvidos foram afastados de suas funções para não interferirem nas investigações, conduzidas pela Corregedoria da PM e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Secretaria de Segurança Pública informou que atividades externas à corporação constituem infrações, e as punições podem variar conforme a gravidade, podendo ir de advertências até a exclusão dos policiais das fileiras da PM.
Imagens
As câmeras de segurança do Aeroporto de Guarulhos registraram o momento da execução. Nas imagens, Gritzbach aparece na área externa do Terminal 2, com uma mala de joias avaliada em R$ 1 milhão, quando dois homens encapuzados descem de um veículo preto e disparam 29 tiros. O empresário tenta fugir, mas cai logo depois de ser atingido por 10 disparos, em várias partes do corpo, incluindo rosto, braço e tórax.