Mais de 2.000 policiais colombianos iniciaram, nesta terça-feira (3), uma grande operação em 11 prisões do país, com o objetivo de combater a extorsão, um crime amplamente cometido por detentos e utilizado por grupos criminosos para financiar suas atividades. A operação começou de madrugada, com ações coordenadas nas prisões de Bogotá, Medellín (noroeste) e Ibagué (centro-oeste), conforme comunicado enviado pela Polícia Nacional.
Cerca de 2.000 agentes dos comandos de operações especiais participaram da ação, que contou com o apoio de helicópteros e unidades caninas para garantir a eficiência da operação. No primeiro dia de operação, as autoridades informaram a captura de oito pessoas, incluindo seis guardas que foram cúmplices de criminosos em uma prisão de Girardot, localizada no centro do país. Além disso, mais de 300 celulares foram apreendidos, que eram usados pelos detentos para cometer extorsões.
Golpe
O general William Salamanca, diretor da Polícia Nacional, afirmou em vídeo que o objetivo principal da operação é dar um golpe nos responsáveis por "alterar a ordem e a convivência" na Colômbia a partir das prisões. Segundo o governo, a extorsão é uma das principais fontes de financiamento do crime organizado, sendo uma prática comum tanto nas prisões quanto nas ruas.
Dentro das prisões, os criminosos se valem de telefonemas ou mensagens de texto para enganar e ameaçar suas vítimas, principalmente comerciantes e empresários, que são coagidos a pagar quantias para não sofrerem represálias. Além disso, panfletos são distribuídos nas ruas com ameaças, e em alguns casos, empresários chegaram a ser assassinados. Em Bogotá, autoridades apontam que grupos criminosos, especialmente de origem venezuelana, como o Trem de Aragua e Os Satanás, estão por trás dessas extorsões.
Uso da tecnologia
Em 2023, a Defensoria do Povo registrou mais de 9.800 denúncias de extorsão, de acordo com dados oficiais. A entidade, que defende os direitos humanos no país, solicitou ao governo a modernização do sistema penitenciário com a introdução de tecnologia, como inibidores de sinal de celular, para diminuir a comunicação ilegal entre os detentos e seus cúmplices externos.
Em áreas rurais e pequenos povoados, grupos como o ELN (Exército de Libertação Nacional), dissidências das Farc e cartéis como o Clã do Golfo também extorquem as comunidades para manter o controle territorial. Ao lado da Colômbia, o Peru é um dos países mais afetados por essa prática na região. O governo peruano declarou estado de emergência em 14 distritos de Lima, com a presença de militares nas ruas até a segunda semana de 2025, como medida de combate à extorsão e outros crimes relacionados.