O Meionorte.com conversou com exclusividade nesta terça-feira (12), com a psicóloga Keyla Santana, profissional responsável pelo atendimento de Angela Valeria Ferreira, de 21 anos, mãe do bebê Wesley Carvalho Ferreira, morto durante um suposto ritual realizado pelos próprios familiares na zona rural de Teresina. Ela segue presa temporariamente por suspeita de envolvimento na morte da criança.
Para o repórter Felipe Reis, da Rede Meio Norte, a psicóloga explicou que já esteve por três vezes em atendimento no sistema prisional feminino com Angela Valeria, que definiu as conversas da investigada como ‘desconexas’. Questionada sobre a morte da criança, a mãe não define o que realmente aconteceu, levando a psicóloga questionar se há ligação com a realidade ou não.
“São conversas que a gente não consegue absorver o que ela está falando e o porque que ela está falando isso. Isso é verdade? Esses questionamentos eu jogo para ela e ela não consegue depois afirmar e nem consegue dizer o que tinha acabado de falar. A gente tem que fazer uma melhor avaliação por conta disso. Por conta desse tipo de personalidade que ela tem”, afirma Keyla Santana.
Durante os atendimentos, a psicóloga explicou que quando a mãe é questionada sobre o sumiço do bebê, em nenhum momento ela demonstra remorso ou falta de Wesley. Keyla Santana adiantou ainda que terá outros encontros com Angela Valeria para ter uma melhor avaliação da paciente.
“Em nenhum momento ela demonstrou remorso, em nenhum momento ela chorou e em nenhum momento ela diz que sente falta na criança. Vou conversar, vou continuar atendendo ela para absorver mais e entender o que aconteceu. É um caso que chama atenção para descobrir o que aconteceu. As conversas dela não estão se encontrando. Próxima semana a gente conversa com ela novamente. A gente vai sim ajudar no trabalho da polícia no que for preciso. A gente está pronto para ajudar”, reitera.
Assista à reportagem na íntegra:
Defesa iria pedir exame de sanidade mental da mãe
O advogado Smailly Carvalho, que está na defesa da família do bebê, havia adiantado ao Meionorte.com que por conta do desencontrar de versões apresentadas pela mãe, inclusive nos depoimentos, o pedido de exame de sanidade mental será realizado.
No fim do mês passado, a Polícia Civil realizou o cumprimento de 7 ordens judiciais, sendo 3 mandados de prisão temporária e 4 internações provisórias, referentes ao caso do bebê Wesley Carvalho. De acordo com o delegado Matheus Zanatta, coordenador das Delegacias Especializadas, a representação das ações foi pautada diante das contradições nos depoimentos dos pais e avós da criança, que tiveram suas prisões prorrogadas por mais 30 dias.
Para a defesa, não há como se falar em homicídio sem vestígios do crime, apesar dos depoimentos dos familiares citarem como teria ocorrido.
“É até difícil se falar em assassinato, em homicídio. Não existem vestígios de crime, algo que leve a qualquer tipo de delito em relação ao homicídio, não existe nos autos. Fica complicado tocar nesse assunto sem nenhum tipo de provas ou indícios de autoria, ou sequer de materialidade. A mãe nos deu as 4 versões que ela colocou para a polícia, por isso que no momento oportuno também nós iremos pedir o exame de sanidade mental da mãe. Ela conta com riqueza de detalhes, porém não se encontra indícios ou prova do que ela fala”, completa.
Polícia Civil investiga ossada encontrada
A Polícia Civil do Piauí em conjunto com a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) recolheu uma ossada próximo à residência da família do bebê Wesley Carvalho Ferreira. A ossada foi encontrada por vizinhos no terreno da casa da família, no Povoado São Bento, na zona rural Leste de Teresina. A equipe de reportagem da Rede Meio Norte foi até o local após receber ligações de testemunhas, para registrar o material encontrado.
A equipe do delegado Antônio Barbosa, titular do inquérito, agora vai identificar junto com a Perícia Técnico-Científica se a ossada encontrada é de um ser humano ou não. No local, o repórter Kilson Dione ainda encontrou uma fralda próximo a uma cama que foi destruída pelo fogo e uma enxada dentro de um saco. A perícia foi até o local e recolheu todo o material para dar continuidade as investigações. Porém, um laudo preliminar aponta que os restos mortais não são humanos. A situação segue em análise.